Era assim, num tempo em que não havia certezas,
e viver e morrer fazia parte do ser
um ínfimo pedaço
do magma da humana condição -
e tudo servia de lição.
Era assim, num tempo em que não havia certezas,
e viver e morrer fazia parte do ser
um ínfimo pedaço
do magma da humana condição -
e tudo servia de lição.
É universal este instante sem igual
em que me sento
à altura do Cosmos e medito
na minha pequenez infinita
que um anjo por um momento fita.
Domingo
e nem um anjo passa no Céu,
trazendo à minha presença
toda uma nova crença.
Era o paraíso e nada mais
era preciso
para viver em Paz
que a alvorada do nascer do dia -
mas cresceste -
e no Mundo te perdeste.
O clarão das cidades noturnas
é brilho no universo,
mas ofusca o céu estrelado
e os deuses e os anjos e as musas,
e ficam as coisas confusas -
que é do céu - artificial ou não
que guarda o meu Coração.
Estendal de roupa ao vento,
ah, o tempo
em que eu lavava
aquelas manchas de tinta no vestido
por um Poema em Mim ter acontecido.
Vejo a chuva a cair,
mas eu quero sentir cada pingo
no meu rosto
para perceber enfim
que a chuva não molha só a Mim.
Segue uma estrada a fio
e não queiras
regressar
o ponto da chegada
é como uma abalada
para cada novo lugar
e assim também é se procuras um Norte
na tua Morte.
Ergue-se o Mundo devagar,
tão lentamente,
que até parece que é plangente
a dor que a gente sente.
Por que nos despedimos a cada dia,
ao entardecer,
do dia que estamos a viver,
se é pleno
se é sereno
se é vivido com Amor,
por quê, sem tempestade,
termos a moléstia da Saudade.
A viver como quem adivinha
com o Coração
tudo é Campo e Canção,
ó Ciência,
o teu esplendor
é um tic-tac carnal
neste Mundo sem igual.
Mais raro o espaço de onde jorra a água
que sacia a minha sequidão
parece um rochedo agreste
mas a fonte é celeste.