Novo Palimpsesto
Digressão Poética
domingo, 30 de março de 2014
Momento
Sem luz, o mar não é
aquele mar
que se agiganta no meu pensamento
para além da fugacidade do momento.
sábado, 29 de março de 2014
Simplicidade
Acorda, na fragilidade
de cada dia,
e confia.
sexta-feira, 28 de março de 2014
De tarde
Afastado o manto da sombra
da manhã,
a tarde descobriu-se num azul radioso,
lembrando que, afinal, é primavera
e que toda a dor é simples quimera.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Notívago
Sem silêncio não seria a noite
o momento do descanso
imperioso,
tanto que agora
há um verso que escrevo
com demora
saído da imensidão do breu
e já até parece que me esqueceu.
segunda-feira, 24 de março de 2014
No horizonte
As aves vogaram para o longe
e, no horizonte,
só ficou a discreta linha
separando,
por isso só com a alma demando
a árvore e o mistério
que estão para além
do meu ver
e do entendimento do meu ser.
domingo, 23 de março de 2014
Branda solidão
Das horas sós que passam
nada direi;
antes evocarei a triste condição humana
do ser tão frágil
o homem na sua viagem.
sábado, 22 de março de 2014
Ad infinitum
Terá havido um começo?,
ou vogamos nós e o universo
na singularidade
de sempre ser numa eternidade.
sexta-feira, 21 de março de 2014
O poema em liberdade...
Na sala, contígua aos grandes pátios
abertos, o vozear das palavras
dos versos
pertenceu aos mais jovens;
e, por breve tempo,
libertos do jugo eletrónico,
os poemas
palmilharam os caminhos do pensamento
tão semelhantes aos dos do julgamento das almas.
quinta-feira, 20 de março de 2014
Primavera
És o primeiro sinal de que hão de
florescer os campos
tanto quanto
a minha alma sempre vestida
do imenso verdor
que têm o campo e o amor.
quarta-feira, 19 de março de 2014
Quietude
Para quê o movimento?,
se tudo se desfaz
num lance de vida que é certo...
mas ainda assim o homem
percorre os difíceis caminhos
e desbrava a imensidão do Longe
como se fosse lúcida
cada sua jornada
e houvesse, no fim, mais do que nada.
terça-feira, 18 de março de 2014
Mar
Tão perto o mar é,
que sinto como que o balanço da maré
na encosta aqui ao pé.
segunda-feira, 17 de março de 2014
Entardecer
Agora que se avizinha a primavera,
o entardecer começa a ganhar o encanto
das noites quentes
em que estão mais acordadas as gentes.
sábado, 15 de março de 2014
Densidade
Há dias de luz e sol
mais densos que as manhãs
tormentosas e frias e invernosas,
sinal de que é sempre dentro de nós
que o horizonte clareia.
.....................................................
Mas, agora, a música e as vozes na rádio
preenchem este momento
em que a Paz rompeu a densidade
do querer obsessivo de procurar a verdade.
quinta-feira, 13 de março de 2014
Demando
a estrada mais reta, para que, na pura
retilínea exatidão, eu possa achar
só quem queira
uma vida primeira.
quarta-feira, 12 de março de 2014
Vigília
Não chegar a adormecer
e assistir ao passar das horas,
noite dentro,
como se da noite nascesse o alento
para, na espera da madrugada,
ser como uma ave que se espanta na alvorada.
terça-feira, 11 de março de 2014
Maravilha na tarde
É março e a esplanada
radiava de luz e sol,
na tarde lenta,
tanto que aí sentada
a Vida me pareceu descansada
e o pesadelo das dores
que há no mundo
foi tão passageiro
que não durou senão um segundo.
domingo, 9 de março de 2014
Nó górdio...
Há mais maresia no teu olhar
do que em todas as praias do mar,
mulher!, que ainda sentes as dores ancestrais
de toda a espera servil
e que, só para ti, ainda não houve abril.
sexta-feira, 7 de março de 2014
A palavra
Reflexo de um sol
que doira,
deixo-te, Caminheiro, uma palavra
feita de Esperança e de Paz,
só o homem que cresce é uma força capaz
de mover toda a pedra do caminho
e de retirar à rosa o seu espinho.
terça-feira, 4 de março de 2014
Travessia
Há vidas que são longas travessias
invernosas, sem que uma flor mimosa
brote num canteiro
e nem o sol brilhe no cimo dum outeiro.
Mas, ainda assim, vale a pena acreditar
que se caminha para um perfeito lugar.
sábado, 1 de março de 2014
Aditamento
Há sempre uma vastidão
no olhar,
quando, súbita, a manhã irrompe
triunfando da noite escura,
e, nesse momento, sem amargura,
o homem vive porque vive e não porque dura.
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