No céu da imaginação, o Sonho é sempre lilás
porque um deus o faz -
mas a caneca partida e a flor murcha no vaso
são no contraste a minha vida
são o que do assomo em Mim eu faço.
No céu da imaginação, o Sonho é sempre lilás
porque um deus o faz -
mas a caneca partida e a flor murcha no vaso
são no contraste a minha vida
são o que do assomo em Mim eu faço.
Eclodem as folhas verdes na árvore
e, então, percebo
que a vida assim acontece
mesmo que seja estranho,
neste acontecer,
só a minha alma ser a viver.
Veio à terra a promessa
de que o sol e a chuva nestes caminhos
não mais nos encontrarão sozinhos
e mil homens acordaram
e num abril madrugaram.
Timidamente floresce a orquídea,
presa ao chão da terra
por onde caminham os meus passos
e heroicos e gigantes
têm a grandeza dos instantes.
É na esquina destes prédios que me confundo,
procurando o jardim
que há ainda dentro de Mim.
Parece que estou sentado à beira rio,
vendo o curso de água a passar,
qual espelho fugaz
que me mostra que no entardecer
a luz é uma ave
num voo mais suave.
Escolho uma a uma as peças da loiça quebrada
são cacos indiferentes
tocados pelo frio
dum armário vazio.
Goteja dentro de Mim também
a chuva que cai do lado de fora
e a cadência é igual
dentro e fora do meu beiral.
Encaro o esforço de cada dia
como uma caminhada
ou como se construísse um verso
- passo a passo sílaba a sílaba
tudo se repete e é diverso
Do Norte da casa, avista-se o poente agora
- e até parece que para sempre
se vai embora o sol e a luz,
quando à tardinha eu perscruto a grandeza do horizonte,
como quem bebe a água de uma fonte,
desejando que os raios de luz
se escoem e eternizem na natureza,
e seja essa a minha certeza.
Deste-me um nome
talvez túlipa ou borboleta
para florescer ou esvoaçar
aqui ou noutro lugar.
E sempre na largueza da vida
e no que ela contém
deste-me um nome e eu sou alguém.
Sento-me a escrevinhar,
sabendo que o sol poente
por um momento não quer abalar
e, então, cheio dessa Luz,
na folha de papel,
a minha Palavra me conduz.
O canto de dor do mundo chega aqui
e está tão próximo de Mim
que até parece estar à minha beira
e talvez seja pecado
tudo estar tão ao meu lado
e eu estar amordaçado.
Mais pura e limpa a madrugada,
se puder ser encontrada
naquelas palavras que sussurramos com a voz,
quando a Paz está dentro de nós,
e, então, a luz que brilha em luz de um fragmento da lua
de sombras se despe, nua fica
e a noite santifica.
Nas terras altas, o louco tem abrigo,
pois o Céu
está consigo.
Vem o anjo da paz a esta Hora,
quando no meu coração
a aflição
e a tormenta
me deixa de si sedenta.
E, então, por um instante que é eternal,
não há no mundo nem dor nem mal.
Bem-vindo, verso, num dia de sol,
tens mais luz,
e vestes-te de cores,
como se neste mundo fosse perfeita
mesmo a palavra mais estreita.
Regresso à Fonte da vida,
que, como um fio de água a escorrer,
liberta todo o meu Ser.
E é plácida a Hora calma
desta tertúlia que vem da alma
para me encantar aqui neste lugar.
A alma, porque a perdi,
não mais a achei,
nem mesmo quando se iluminam as ruas ao anoitecer
e os caminhos ficam mais claros
para se encontrar
o conjuntivo do verbo amar.
Pus-me diante dum espelho
e por um instante era eu e outro de Mim
com as mesmas e únicas raízes fundas mergulhadas na terra
então abracei-te-Me
e pude colher o fruto maduro
de um abril futuro.
Ao meio-dia ainda não era tarde demais
para o canto da cotovia
e eu todo o dia esperei
mas do Universo era a lei
que dizia
espera por outro dia pelo canto da cotovia.
Ó cheia de graça, mulher divina,
que carregaste uma cruz,
aparece agora plena de Luz
em Todo o campo de batalha
onde o sentir a vida se enxovalha.
É abril e, neste ocidente,
vigio da amurada
as nuvens que são como castelos de ameias altas
que eu quero que se dissipem
rapidamente
para que o Céu resplandeça
e a hora não esqueça.
Não conhecia o Mar, antes da onda
que trouxe à areia
a espuma branca e pura
vinda da suma lonjura.
De nenhum pássaro conheço a história,
mas acredito que há um grito
tão humano como o meu,
se sem sonho e aflito
o pássaro se perde no céu.
Assombro de Te encontrar
em todos os lugares
longínquos
montanha floresta deserto
e no interior do Mar
tão perto
É um verso por certo que ilumina a escuridão
e faltam versos
no Mundo
tanto que me confundo
Pinto o barco de vermelho
e deixo que o milagre deste dia
seja a onda que me leva e leva e leva
até à Tua dor
que se transfigurou em Amor.
Uma brecha no céu, entre as nuvens,
é suficiente
para que o dia amanheça brilhante
na largueza de um instante.
Deleto letra a letra a palavra escrita
e nada sobra
assim como na vida
- semântica vazia do verso começado
e logo estilhaçado.
Chove
e no silêncio de Mim
nada se move
jaz a turva inquietação
como um rio que de repente
se afundasse num oceano ardente
Brinca o Universo com a poeira estelar
e nasce uma galáxia
tão perfeita que um mundo contém
grão de areia
que é de ninguém.
Cheguei e era primavera no jardim.
E de tão longe eu caminhei
que esperei
que a busca tivesse chegado ao fim -
e procurei, mas não encontrei, afinal,
por entre as estátuas erguidas,
as glórias neste mundo consentidas.
Só dança quem a música ouviu
lembrando
e bailando mesmo contra o vento
aquela melodia que a brisa traz
e que é um hino de Paz.
Tão em breve será o tempo das papoulas
e do trigo maduro nos campos
e lá chegarei
mondando em versos incompletos
pensamentos concretos.
Passa a hora que passa
e passa também a tua vida
por isso enche de água a jarra da flor
tal como quem rega um jardim
e sabe que chega o fim
Na esplanada do jardim, quase ninguém.
E a grande cidade
fica assim despedida
do encontro com quem nela passa
e se entardece
porque cada dia chega ao seu fim
apenas me vejo a Mim.
É em tons de Azul que o verso se compõe,
primeiro uma palavra solitária,
como que regressada da grande viagem estelar
do caminho do pensamento,
depois, do silêncio por fora e por dentro,
nasce timidamente uma melodia,
e, como quem o poema já sabia,
eclode num clarão o dia.
O sol por entre as nuvens em Mim
porque é dentro
que nasce a primavera
a cada hora
em que o inverno se vai embora.
Será que existe um lugar onde o sol brilha sem cessar,
e nunca é noite nem entardecer,
e onde nunca alguém se pode perder
talvez talvez talvez
no meu Coração uma outra vez.
Morei num Sonho ideal,
paraíso talvez,
quando na Infância
eu nunca perdia a Substância,
depois cresci, e do Sonho me desfiz.
Tanta a luz que por um momento
o meu olhar é para dentro
na procura daquele rio silencioso
que se chama paz
no mundo ou em Mim, tanto faz.
Colhe a rosa,
não te demores
e deixa que a fragrância do seu perfume
seja como um incenso na hora da despedida
um breve sopro de vida.
Chego à rua mais estreita,
onde janela a janela,
os prédios formam uma caravela.
E, então, embarco e parto para esse Longe
que só existe no teu Coração
- ilha afortunada
em mares e marés perdida
em cada instante da vida.
A porta está aberta e soa o tanger dos sinos
ecoando na habitação -
memória de ter sido como aquele que sente -
entre tanta gente
de tão estranha condição
que, hoje, à minha beira, só há solidão.
Vai devagar,
não tenhas pressa de chegar ao fim do caminho
e cada passo que deres com confiança
dá-o como se fosse o primeiro
e o derradeiro.
Deambulo pela cidade como quem procura
sem encontrar
um recanto de paisagem natural
tanto de árvores tanto de verdes giestas
aonde estão os arbustos onde poisam as aves
para as ouvir cantar
não sei - perdi-me no emaranhado das ruas -
e só vejo pessoas cruas.
Ainda é inverno e a planta de Natal resiste
vermelha e luzidia
a lembrar que mesmo o destino
numa manhã sombria
pode ser de cor e de Alegria.
No teu regaço, Mãe Divina,
não há sofrimento nem triste sina
nem calvário nem cruz
há só uma esperança infinita que conduz.
Por um instante a claridade
e é demais
o brilho da luz na madrugada branca
imaculada das dores
com que depois acordará o mundo
quando acordar
e a luz não puder encontrar.
Em filigrana desenhadas
as deusas,
na chávena de porcelana,
são tão mortais
e de toda a Mulher tão iguais,
que por sorte me tornarão mais forte.
Já é manhã e já entardeceu.
Que é hoje ou que é agora,
se minha Alma não tem hora.
Quiseras o infinito de sombra a sombra
neste lugar,
mas o instante sereno
contém o que na Alma lhe vem.
Por isso, querendo, sacia a tua sede dessa eternidade
e atravessa brandamente cada tarde.
É na madrugada que eu escuto o silêncio da noite
como se não tivesse estas paredes
e as janelas estivessem rasgadas no horizonte
no cimo do monte
e então tão perto do Céu
me parece que lá fora esta quietação
habita dentro do meu Coração.
Esqueço-me, às vezes, no tanto de estar só,
que as multidões se domam
no ser e na esperança
e o que resta desse mal
é a qualidade universal de ser igual.
E um pássaro cantou
e encheu de voz o silêncio na tarde
como se tudo o que fosse preciso se dizer
estivesse contido no seu ser.
Meu olhar pousa no mar,
esperando dos Marinheiros o regresso,
que aventura é partir,
sabendo que se há de vir.
Choveu. Antes o sol brilhou.
E, nesta bela inconstância,
é recordar a infância.
Como quem procura a paz,
eu procuro um verso
que se desdobre num cântico e num hino de amor
é esta a minha oferenda para o mundo
que demora um segundo a ler
mas que preencha no homem o seu ser.
Talvez, se meter a mão no bolso,
eu encontre o fio e o pião
e as lendas das fadas verdadeiras;
e tudo o que existe,
e que não é triste, cabe num bolso de calção
o terreno da imensidão.
Dei-te de presente as palavras, puras,
que eu mais amei
e com elas tu fizeste um verso silencioso
simples e imortal
como um desenho afinal.
O vento frio verga os ramos mais altos
da copa da árvore
e parece que cada ramo se vai partir
com a dor desse sentir.
Como te moves, numa cadência angular,
que no início das coisas queres pousar,
és uma borboleta
e no meu espanto te vejo andar
como quem procura onde começar.
Que estradas ficarão
desses caminhos que seguimos
de Alma lavada e nua
e se a esperança não morrer
não podemos no mundo nos perder.
Sonho, afinal, antes do sono vir
e parece-me sentir
que subo um interminável monte
e como quem no cimo do horizonte
tocasse o céu e uma estrela
acordo do sem dormir
e aguardo pelo que há de vir
Infinitamente breve, o instante que passou
leva com ele o pensamento
do que sou
e assim tão longe na distância
corre o Tempo numa suma eternidade
que de Mim tenho saudade
Noite, antiquíssima, que geras no teu seio
o clarão que alumia os povos,
vem mansamente
para que do teu regaço
nasça um novo
passo.
Agora reparo que é estranha a Mim
a ausência e um fim
por isso quando de brilhar o sol se esquece
e o ocaso não é ilusão
perduram as horas no meu Coração
A linha da encosta lá no alto
toca a linha do céu
e tão perto e tão distante
lembra que também nas nossas vidas
se entrelaçam linhas parecidas.
Esta é a hora mais mortal
a do silêncio
no tanger dos sinos
que antes de alegria soaram
e no meu Coração tocaram
Pelas ruas do meu bairro,
sou corsário
singrando em belas naus inventadas
e quando chego ao cabo do mundo
vejo que o Sonho é profundo.
Respiro o sopro dos dias
como quem
o faz pela última vez
e é uma força que daí vem
colhida em ninguém
Dou-te a mão e penso
que é estranha esta condição
de dar a mão dando eternamente o coração.
Abro o livro ao calhas como numa adivinhação
e o que encontro é uma página
em branco,
sem caracteres nem palavras,
muda num silêncio puro
parece que o Mistério se cala
tal como deus não fala se é ou não eterno e imortal
e dos homens semelhante ou desigual
O manto branco de neblina na encosta
faz-me pensar
que é num dia chuvoso e cinzento
que um homem se vê melhor por dentro.
E o fim da tarde chegou como uma esquina
entre dois prédios
que conhecemos bem
mas de um e outro lado a sombra e a luz
parece uma enorme cruz.
Todo o dia meditei
sobre a Verdade do meu Ser
realidade ou ilusão
se ao menos nas ilhas Afortunadas
eu pisasse o firme chão
talvez que a Verdade nascesse no meu Coração.
Não esqueças que o rio apenas corre
numa única direção
e que quando no silêncio morre
tem no mar a vastidão.
A escuridão veio com a noite que chegou,
mas o final da tarde foi lento
a passar -
um sol que começa a nos namorar.
Fito na brancura do pensamento o fruto
já maduro
e trinco nas sílabas das palavras as duras sementes
até que um amargo na boca
faça estremecer
o desenho do poema no meu Ser.
O dia amanheceu cinzento
tanto
que não pude eu amanhecer
na luz de um outro viver.
Fez-se silêncio à minha volta
e em Mim
e nas paredes da casa já não escorre
na brancura
o tardar do tempo desse Longe
que é ter no Coração
a terra prometida
quiçá perdida.
Eis que a vida acontece,
qual chávena de chá de beber,
que eu agarro
e prendo na minha mão
sem sorver o gole da imensidão.
Domingo à tarde. Ninguém pelas ruas da cidade.
Apenas eu ouso atravessar a avenida
como quem procura na vida
o regresso
à casa da lembrança
de quando eu era Criança.
Colho a romã e cada bago vermelho
rola no meu seio
como uma semente de vida
que apetece trincar
para infinitamente estar.
Entre a minha casa e o resto do mundo
a distância
e parece que dos confins da Terra
me chega um rumor
- triste -
a guerra persiste.
Era uma parede muito azul,
tanto, que era como se escorresse do Céu a cor
e, então, eu encostava-me nela, ou no céu,
e era um lume
cá dentro de Mim
que nunca chegava ao fim.
Um sorriso é o que basta
do princípio ao fim de uma vida
é ternura infinita
é amor que não se esquece
e que ao mundo se oferece.
Nos corredores do desassossego,
há muitas portas viradas para o lado de dentro
que perturbam este meu pensamento.
Eis que a tarde chega ao fim.
E não sei porque vem da obscuridade o dia -
mas vem
é na noite que nasce o clarão
da nossa imensidão.
Ó centro de tudo, talvez nos confins do mundo
onde é sempre primavera,
possa um verso nascer no meu rosto
e ser um tesouro
de prata e ouro.
As estrelas têm aquela luz natural
que aos meus olhos
parece irreal
como quando abro a porta da rua
e a noite nua
e sem distâncias
reverbera em mil fragrâncias.
Tamanha era a esperança
que no meu Coração pousou
que não viu não quis ver
um amor a morrer.
Sozinho caminho
e misteriosamente a estrada que fica para trás
no meu peito se desfaz.
Como quem procura uma floresta,
no meio de cimento e alcatrão,
assim meu Sonho
é em vão
pois neste mundo real
sonhar é coisa tamanha
que até parece estranha
Com um verso se conversa longamente,
que é tertúlia sem enfado
nem pecado
e por isso quem verseja
tem nesse mourejar
o mundo e um lar.
Silêncio, que, sem perturbação,
as horas idas
na solidão inflamas,
devolve-me a comoção e a piedade
daquela outra idade.
O meu ser real procura-Te,
Alma e Vida,
para nessa imortalidade
eu ser de verdade.
Nu o olhar com que agora vejo o passado
entristece como uma paisagem
que é real,
verdadeira e sempre igual.
Ao longe, a sirene soa,
e é urgente
entre as nações a paz
e entre os homens a justiça
tanto que no meu pranto
só me espanto.
Nunca se regressa ao mesmo lugar
- tudo é outro e diferente
até o que se sente.
O clarão das luzes elétricas da rua
despe o céu de estrelas
e a noite povoada de mistério e de deuses
é agora um palco nu e deserto
no meu Coração aberto.
Aonde fica o espelho do Mar,
que só a minha Alma
crê e vê
como nele uma barca a navegar
uma e outra e outra vez.
É um quase silêncio.
E neste rumor cristalino
pressinto a água duma fonte
que apetece beijar e sorver
com todo o meu ser.
No ocaso do nevoeiro, tudo é penumbra,
menos a Tua voz,
sonoro Mar,
que vem a me buscar.
E nessa entrega eu sou aquele que procura na imensidão
do oceano do mundo
um sentir mais profundo.
Pela janela azul, entram e saem as estrelas
quando é noite
e, na escuridão, brilham apenas os astros celestes
e é então que no meu Ser
límpida e pura
a solidão perdura.
Havia um tempo em que o meu olhar pousava
numa orquídea ou numa rosa
e cada flor tinha a sua cor
como se o existir se vestisse de fora para dentro
em cada meu pensamento.
Quem dera saber o mistério
e viver
sem o anoitecer.
Lembrança de ser Criança
com o mundo inteiro nos olhos
e de mão dada
é mais bela e pura toda a jornada.
O sussurro das horas a passar
na fragilidade
do dia
requer um fogo de chão
- um braseiro do Coração.
Agarro a chávena largo a chávena
tanto faz
não importa se chove ou se faz sol
se não for límpido o pensamento
que me dá a guarida
a cada instante da vida.
Em todo o dia eu não encontrei
um homem, uma mulher e uma criança
trazidos pela esperança,
mas a claridade perfeita nasceu,
quando percebi enfim
que a graça está em Mim.
Chegaram e rompia o dia,
e uma estrela
celebrada
brilhava na madrugada
e não houve mais ousadia
que aquela de ajoelhar
e um pequeno deus beijar.
Voltarei também eu um dia,
como regressa sempre um amanhecer,
e colherei, se assim for,
o teu gesto de amor
e as palavras que na tua voz
me dirão
do mundo a imensidão.
Tanto de quietação,
serena placidez,
que voa minha Alma uma e outra vez.
E, neste recanto perdido, o mundo justo fica
por um momento
longe de qualquer lamento.
Há dias assim -
canto só para Mim -
também aquela ave cantou
e não tinha vizinhança
mas não deixou perdida a esperança.
Por um instante, o filme da minha vida
passou de fugida
e foi de quietação
e foi de serenidade
como se saísse da eternidade.
Medito um verso,
o primeiro de janeiro,
e vejo nas pegadas do passado
a cal e as flores mortas
em todas as portas.
Mas um verso triunfará
na Paz
do nosso destino fugaz.