quarta-feira, 31 de agosto de 2011



A ilha era...


Encontrar coerência na vida de um ser humano

é algo extraordinário. Tão extraordinário que parece

dar sentido a um mundo, onde há guerra, tortura, barbárie.

Observar num percurso de vida a fidelidade a uma

natureza singular é tão raro que sinto como um privilégio esta

oportunidade de ver. Gostaria tão simplesmente de poder ofertar a este ser

o oiro das neblinas - e, talvez, de algum modo,

num entendimento subtil,

isso seja possível.

Hoje, como no passado,

este exemplo é para mim uma inspiração

para o dia de cada dia, e, absolutamente, acredito,

não mais a ilha será só.

terça-feira, 30 de agosto de 2011



Hipoteticamente


Talvez... sejas tu... Mas que importa

ter-te, talvez, encontrado? A vaga imagem

apenas presentifica o cunho da existência, somente

partilhada no desafio de vivermos sempre num mesmo Tempo e

num mesmo Espaço. Para além disso, talvez que o olvido

aconselhe a não efabular na distância de tantas milhas

de horas e dias de desconhecimento entre nós. E, assim, antes

prefiro evocar o roto, pobre, mendigo que, na beira da estrada,

olha com olhar majestático os automóveis que passam e deixou em

mim a firmeza de uma certeza exangue: nada mais pode ser igual.

Por isso, hipoteticamente, pensando,

e na minha mente clareando,

vejo aqui um sinal - cada um segue na vida

a sua Estrela singela. Hoje, a minha enriquecida,

com os encontros desta vida.







segunda-feira, 29 de agosto de 2011



Al gusto


Reta e derivação.

Geometria sólida e angulosa.

Que cais, de onde partem navios?

Sobre o saber, que saber há?

Que mestrado, sem palavras, ensina a natureza do que é silencioso?

domingo, 28 de agosto de 2011


Mural


Falar das coisas do mundo é tão difícil.

Às vezes, na minha loucura suave, acredito

que a minha televisão transmite imagens num

circuito fechado apenas para me fazer crer que

o absurdo varre as fronteiras da Terra. Mas, afinal,

a loucura é real e não existe só dentro de mim. A cada

notícia interrogo-me onde está a sanidade e o equilíbrio

na multidão dos homens. Mais perto, no dia a dia do quotidiano,

as marcas visíveis deste desacerto humano correm em mim e nos outros

nas mais simples ações da vida, que vão desde a inércia paralisante

à mesquinhez da inveja sentida e à deslealdade, não raro associada

ao desejo de supremacia e poder sobre os outros.

Por tudo isto, como Penélope, encanto o fio do tecido,

e refaço e desfaço o novelo comprido - loucamente, sei,

é somente um absurdo - mas como esperar

pelo concerto meu e do mundo?

sábado, 27 de agosto de 2011



Os Dias


Quando os dias evocam dias

e o mergulho na torrente

é frio - chega súbita

uma palavra: que aquece,

que acarinha, que abraça.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011



Desafio


As novas regras da ortografia, em Portugal, serão, a partir

de hoje, um desafio para mim. Depois de décadas a escrever

e a olhar cada palavra na sua inteireza ortográfica, tenho

agora de recriar um novo olhar e de buscar nas novas formas

talvez outras e novas qualidades. Entendo que a língua é

um organismo vivo e, como tal, sujeito à transformação e à

mudança - por isso, não me espanta que as palavras se

transfigurem. Contudo, no caso presente, tenho sérias dúvidas

que as atualizações estabelecidas mais não correspondam senão

que a interesses dos grandes grupos económicos que são as editoras

de além e aquém-mar. A história da língua o julgará. A mim

compete-me apenas seguir a norma linguística: é o que farei;

mas não sem antes lançar um último olhar sentido a cada

palavra dos livros da minha biblioteca, agora, transformada

em artefacto de fundo histórico documental. Por isso, nos

últimos dias, em cada livro que folheio anoto mentalmente

a nova grafia das palavras - é uma despedida; é uma reviravolta

no tempo: e estranhamente, ou não, vejo-me projetada para

um futuro que não devia estar a viver. Mas é assim, hoje, a Morte

já não aguarda por nós quando a revolução singra nos Tempos.



quinta-feira, 25 de agosto de 2011



Meditare


Não raro sucede-me ceder a um impulso

e comprar uma extravagância. É isto o que a

sociedade espera que eu faça - vender, comprar, consumir.

E, justamente, nesses momentos, algo dentro de mim atinge uma

plenitude. Talvez seja esta uma forma modernizada de meditação.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Cadeira de Baloiço


Baloiçando, rodando,

se move o eixo e a Terra;

e o Sol - tão estático -

cada dia - noite a noite -

tudo encerra.


Por isso, aqui, nesta beira,

num alpendre imaginário,

de uma casa sonhada e erigida,

escrevo sentada na cadeira

como num mar ao contrário.


Mas procuro o Sol... onde está?

Também não vejo a estrela da manhã...

Tudo se desfoca,

neste movimento - momento a momento -

da Terra num céu tão sedento!


Só a maravilha é real,

de cada vez que baloiça

a Terra no Céu; e a minha cadeira,

suspensa no chão,

me leva na imaginação...







terça-feira, 23 de agosto de 2011



Sob o signo do espelho


Durante anos, guardei um espelho. Nele,

observei o rosto de menina-adolescente e terei visto,

nesse longe passado, um sonho apenas feliz.

Depois, justamente, porque a fugacidade esteve tão presente

na realidade possível,

guardei o espelho na garagem e aí ficou quase

esquecido, quase perdido - a moldura em branco-pérola

tornou-se azulada, embora o espelho permanecesse imóvel e intacto.

Resolvi, entretanto, deitá-lo fora. Entregá-lo a outra sorte

e a outros rostos e isto porque, numa loja, encontrei

resplandecentes um cento de espelhos brilhantes. E, então, pensei

que este rosto de mulher-adulta precisa de um outro espelho,

um espelho tão mágico que anuncie

que a verdade de cada sonho

corre sempre como um rio.





segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carrossel


Tantas vezes, antes de começar a trabalhar,

vou adiando, outra coisa qualquer criando,

divagando ou entretendo as horas com um passeio

ou um café... Aparentemente, nada estou fazendo,

assim como vivendo, letargicamente derivando.

Mas esta não é uma verdade

objectiva. De facto, é muitas vezes neste enleio que

surge a ideia perfeita para o trabalho, para a aula,

para a comida - e, embora o tempo siga correndo, e

eu não pique o cartão do emprego, é nestas horas tão

paradas que se fixa o rumo da vida.

domingo, 21 de agosto de 2011



d de desenho


É só uma letra: d ... e, no entanto,

com ela inicia-se a grafia da palavra: desenho.

Por isso, inscrevo também uma só letra: V ...; e espero

por ti no centro do nevoeiro.

Foi um fim de tarde de escrita - não mais do que o desenho

de palavras -, mas talvez na forma gráfica

esteja contido todo o sentido

e a forma-pensamento seja afinal real.

Tão real como, agora, docemente, do lado da serra,

a neblina baça, que se espalha em todo o redor,

tão baça e tão densa que apetece nela esculpir

cada uma das palavras desenhadas.

sábado, 20 de agosto de 2011



Memento


Sinal de que estamos vivos é a nossa capacidade

de nos lembrarmos - de desfiarmos o fio, às vezes,

ténue das recordações e de nos deixarmos levar pela

memória de cada fragmento de coisa ou de um único espaço.

Numa linha escrita existe esta mesma singularidade:

por isso há palavras que tanto nos dizem,

quando lidas com o Coração.

Então a recordação é viva e a memória é dinâmica,

nada se perde, tudo se transforma... quando no hoje,

agora presente, se abraça firme a realidade.

E, assim, neste dia, em Évora,

cada objecto que toquei pôde ser despejado,

porque a qualidade que o sustinha permanecerá no centro de mim,

como memento feliz... lembrando que cada pedra do Templo

perdeu já a sua história, porque ninguém de Diana tem

memória.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011



Etiquetas


Etiquetamos as pessoas e o mundo, cada

coisa. É este um exercício da mente.

Quase nunca a real qualidade está presente,

nesta etiqueta somente.

Mas o contrário - conhecer e não etiquetar -

é tão trabalhoso e custoso, que mais vale etiquetar:

um clique mental

sentencia; e o tempo que sobra permite

o entretém de cada dia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011



Vermelho


Amarelo, Violeta...

Podia encher uma paleta de mil e uma cores,

mas de nada serviria: o logro é o engano de cada dia;

e já nem sei se uma cor quero escolher.

Por isso, hoje fui apenas caminhante por sobre a relva

por debaixo das palmeiras, à vista do mar ao largo. E, nesta

caminhada, pousei o amplo bordão, como quem espera e aguarda

por si mesmo no vão da estrada.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011



Beiral


No meu beiral, não há uma cornucópia de flores,

nem pássaros simples de mil cores,

nem uma serenata de despedida. Não há coisas reais

com vida, porque no tecido urbano só cotejam os vapores.

Contudo, não deixa de ser vibrante,

e o meu beiral deslumbrante, quando rego com o regador

aquela estrela no céu, que à noitinha, quando entardece,

desponta logo no breu.

E tudo isto pensei, quando à janela assomei e vi

por entre as coisas metálicas

que as crianças já quase não brincam

na praça deste lugar - só pode haver uma razão:

não há beirais luzidios

com cigarras e com grilos

lembrando o estio do Verão;

em vez disso, tudo é electrónico

instantâneo e mecânico

como um monólogo de actor

que, no palco, sem saber,

repetisse o «ser ou não ser».

terça-feira, 16 de agosto de 2011



Corre, corre...


...a voar - é um papel que vejo passar.

E voa ligeiro, tem cores, é festivo,

mas deve anunciar que o Verão é cativo.


Da minha janela, num quinto andar,

sabendo do Verão preso no ar,

esquecido das festas nos lugarejos,

digo adeus ao papel e aos simples festejos.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011



Vislumbre


Adraga, a praia, o mar.

Densamente a neblina coroa o céu e a crista das ondas,

e tudo no espaço estremece, neste contínuo movimento

do mar a correr.

Então sonho, enquanto a F. percorre a areia molhada, sonho

que a passagem no gretado rochedo está submersa no fundo das

águas e que há um guardião que vela um segredo. Mas o segredo é tão

simples, quase volátil no fundo da mente, que a todos é franqueada

a passagem, como se apenas se navegasse de margem para margem.

domingo, 14 de agosto de 2011



Silly Season


No dia, escurece e ilumina-se a razão.

Nada que não seja próprio de gente - mesmo

em meio da multidão. O escuro que anoitece,

no dia, não pode, contudo, prevalecer,

se o milagre

de encher de nada as mãos for firme exercício do saber.

E, então, como desfecho do dia,

em azulejo, minúsculo painel,

corre, afinal,

em dúzia, o número perfeito,

que, tal como a luz, se guarda no peito.

sábado, 13 de agosto de 2011



Volver


A roseira, o limoeiro, as figueiras e

tantos os vasos com flores... tudo arrancado,

morto, despejado. É este um fim afinal natural.

Tudo na vida tem um tempo fadado e a roseira bela

viu o termo anunciado, quando no calendário já não

havia o tempo da flor. Mas agora brotará um morangueiro

e talvez uma romãzeira e cada bago e cada fruto darão no

vermelho da cor um belo mote com amor.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011



Miragem


É um sopro... é uma descida...

são, no mar e na areia,

apenas sonhos da vida...


E como guardião um anjo,

tão terno e pequenino,

que embalado em cada tarde

mais parece um deus menino.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011



Jade Imperial


Recordo, com alguma frequência, a conhecida

história do amigo que escreve na areia e na pedra

sobre os factos da vida que lhe sucedem. De igual modo,

também eu prefiro a escrita na areia das tantas mil coisas

que se repetem... e isso, porque entendo que, tal como o monge

que sempre salva o escorpião que sempre o pica, também a natureza

de cada um tende ou para a areia ou para a pedra.

A pedra de jade imperial, que hoje comprei, lança-me, contudo, um

novo desafio; embora, no fundo, eu saiba que, na lonjura

dos tempos, também ela não será mais do que areia perfeita.



quarta-feira, 10 de agosto de 2011



Vaga de Calor


De algum modo, ainda no presente actual,

pesa, na avaliação e no julgamento dos outros,

a cor da pele. É extraordinário como

o feito da segregação e da escravatura, assente na pretensa

superioridade de uns sobre outros, ainda movimenta

padrões de pensamento. Isto incendeia a confrontação

desde o momento em que cada ser adquire a consciência de si

a partir da cor da sua pele. Não importa que haja leis

que não discriminem, pois no dia-a-dia a sociedade o faz.

E, na maior parte das vezes, basta um simples comentário,

até mesmo num supermercado,

que já é uma insinuação, por exemplo, «os do 2.º andar»,

«os do bairro», «os da rua», «os»,

indiciando que qualquer fonte do desassossego ou da perturbação,

no perfeito, harmónico e equilibradíssimo lugar,

só pode ter sido provocada por aqueles. E, justamente,

aqueles comportam-se, quase sempre, ao nível do que poderíamos chamar

as expectativas pré-concebidas. Por isso, não deixa de ser

curioso que a menina mais simpática e educada do meu prédio,

de trancinhas rematadas por missangas coloridas,

tenha chegado de Londres, no Domingo passado. Segurando

a porta, para que eu entrasse, sorriu-me largamente,

pois há meses que não nos víamos; e, hoje, penso que

a vaga de calor desta semana deve ser porque há um incêndio

em cada ser, que não nos deixa adormecer.

terça-feira, 9 de agosto de 2011



Dos deuses, a morada...


...é imperfeita. Afinal, no Olimpo dos Céus,

não há tranquilidade nem sossego, pois a cada

eterno momento, na sombra ou no sol, apenas em glória

se vive.


E, nesta constatação, minha alma búdhica ou não

recusa tão grande cansaço; e, ligeira, imperfeita,

passageira, apenas quer, em cada lugar, em cada espaço,

a descoberta da vida: a chegada e a partida.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011




O Sol e a Lua


Disse a Lua ao Sol,

em que brilho tão intenso

vives mergulhado...

Disse o Sol à Lua,

é sempre um brilho novo

que em ti está espelhado...

E, de mão dada, muito devagarinho,

o Sol e a Lua, do alto do céu,

embalaram em silêncio

todo o que nasceu.

domingo, 7 de agosto de 2011

Outros Lugares


Seria deveras simples solucionar a actual situação económica

mundial - sendo a moeda, em papel, em plástico, e

os títulos de futuros garantidos, a medida da vida de toda

e qualquer nação do mundo, fabricar-se-iam mais moedas,

hipoteticamente até sem as duas faces.

A moeda, então, cunho da felicidade do homem, permitiria

que não apenas um fosse dono de uma equipa de futebol internacional,

ou que não apenas um doasse, num gesto de filantropia, uma fortuna a causas

humanitárias mundiais.

Inundado de moedas, o mundo ficaria talvez ingovernável, é certo,

mas não muito mais para além do que se vai passando na actualidade

presente...

Enquanto esta distopia não acontece, aguardamos,

serenamente dormindo, pela abertura

da bolsa de Tóquio... que outros lugares há? que não-lugares existem?

sábado, 6 de agosto de 2011

Neblina


A lembrar um início de Outono suave,

acordo envolta numa neblina que, sem o oiro,

oculta, na obscuridade do brilho branco,

todas as formas.

E penso - quem desenhará no nevoeiro

o Padrão dos Descobrimentos,

não o do passado, imortalizado em Belém,

mas o Padrão do presente a haver,

que a Tradição anuncia?

Talvez por não o saber, no dia em que almocei

a caldeirada junto ao Tejo, ao meu lado, o Padrão

antigo pareceu-me apenas uma grande

pedra esculpida, morta e sem vida.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Brave...


Surpreendeu-me, há dias, um conceito de família

que vi no Facebook. Mas não é de admirar, porque,

também aí, me surpreende o conceito de amigo.

E talvez que, neste virar de página, de milénio,

o mundo ocidental conduza uma deriva assente na

afirmação egóica do indivíduo sobranceira face a qualquer

outro valor de existência. Assim, família e amigos

são uma vertente da rede social que faculta estruturas

que permitem a construção de um eu, paradigmaticamente

copiado e imitado de entre os múltiplos modelos

que as revistas de sociedade oferecem para entreter o quotidiano

da vida. E como que naturalmente, cada um à sua escala desenha, no presente,

o recorte das relações humanas,

tipificando o mundo e aquilo que daí advém.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Soberana


Do cimo das copas das árvores,

desce um hausto de luz tão momentâneo

que se apaga assim que o céu se ensombra...

tal como na vida também há sempre, no orvalho

da manhã, um gotejar de oiro que brilha

tão perto, que sei, que, se a minha mão estendesse

e o cimo das árvores ao vento, na sombra, não estremecesse,

poderia, da minha janela, tocar o longínquo horizonte.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

As Aparências


Hoje, em Lisboa,

no Rato, iam, nos carros,

tão atarefados os ministros que o trânsito

parou. Parece até bem. Quem ministra precisa

de uma faixa de trânsito aberta e de uma recta direcção,

não vá o exigível desenho perfeito dos números e o apagamento

com borracha das necessárias anotações a lápis sair errado sem perdão.

Por isso, nestas aparências ligeiras, parece-me antes melhor

o procedimento que depois observei: com desvelo

alguém foi cobrir a gaiola dos periquitos,

já que ao sol do meio-dia

até as aprisionadas avezinhas precisam de

uma justa governação.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ela canta...


No Centro Comercial Colombo, pelas 10 horas

da manhã, ao meu lado ela canta...

Trauteia muito baixo, quase em surdina, uma melodia,

e caminha, por entre os corredores das lojas, como

se estivesse em plena festa ou arraial, a viver numa

animação divertida. Tão próxima, e tão ao meu lado,

é impossível não ouvir a melodia que, percebo, é uma

música ali mesmo inventada e construída: uma sequência

melódica harmónica, quase festiva. E, nisto, penso quão

diferentes uma da outra nós somos! O meu cérebro que

densamente detalha e analisa e o cérebro dela que

musifica. Perante uma realidade tão a mesma e tão,

mesmo, atroz e sem graça - um passeio num

Shopping numa manhã de Domingo - eu e ela agimos

profundamente tão de modo diverso. Ela, alegremente,

caminhando, com uma música a povoar-lhe a cabeça; eu

seriamente pensando: como é possível trautear

sem sentir o mundo a girar?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

À chuva...


Primeiro de Agosto, primeiro de

Inverno,

diz o povo com acerto;

pois esta chuva e

este vento, assim em breu,

são um grande desacerto.