segunda-feira, 31 de dezembro de 2018




Dá-me a mão. E de mão dada vamos até à última vereda da vida. Amantes inocentes e crentes.




domingo, 30 de dezembro de 2018




É na noite que um encontro é mais profundo. Insónia na dor do mundo.




sábado, 29 de dezembro de 2018

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018




Dos deuses imortais nada sabia. Mas, tal como no levante do sol nascente, via no nascimento e depois na morte a universal sorte.




quinta-feira, 27 de dezembro de 2018




Procurava em cada sonho os sinais das estrelas do céu. Rasto perdido quando o dia amanhece e o sonho esquece.




domingo, 23 de dezembro de 2018




Todos os dias desenhava no papel uma existência perfeita. Esboço sempre inacabado, como se a vida apenas morasse ao lado.




sábado, 22 de dezembro de 2018




Às vezes, no instante antes de acontecer, é que ela colhia a vida e o viver.




sexta-feira, 21 de dezembro de 2018




Primeiro dia de inverno. Amanhecem os deuses nascidos. E, como criança brincando e sonhando, que colhe uma flor, brilha o sol e há uma réstia de cor.




quinta-feira, 20 de dezembro de 2018




Mesa de café. E a espera pela mesma hora do dia seguinte na mesma mesa do café.




quarta-feira, 19 de dezembro de 2018




Na distância, até onde o pensamento alcança, a Mulher lança-se na correnteza do passado. Cortina densa de neblina. A saudade é na pele que se sente.




terça-feira, 18 de dezembro de 2018




O copo que se partiu. Como pedaços de coisa morta, vagueando pelas ruas da manhã chuvosa e fria, os vagabundos perturbam com a desgraça. Triste sina. Humana condição.





segunda-feira, 17 de dezembro de 2018




Laboriosamente, a Mulher faz e desfaz o novelo. E traz mais significado para a vida esta busca que se repete. Outra e igual.




domingo, 16 de dezembro de 2018




A roda da vida gira, gira, num eterno movimento; luz, penumbra, sombra. Compassamento da existência. Prisão em liberdade.




sábado, 15 de dezembro de 2018




E cada passo no caminho deixa um rasto. Pedra a pedra. Mistério da vida.




sexta-feira, 14 de dezembro de 2018




Um grito rompe na noite silenciosa. É um louco que, na desventura, procura a palavra mais certa. Grito. Ânsia e ferida.




terça-feira, 11 de dezembro de 2018





A aguardar pelo manto de neblina, como quem aguarda por uma vida renascida, a Mulher observa cada um dos seus passos. Caminhando. Bordado do futuro no presente.






segunda-feira, 10 de dezembro de 2018





Horas errantes. Quando o homem constrói, missanga a missanga, todo o fio que o agrilhoa.






domingo, 9 de dezembro de 2018





Vem, caminha a meu lado. Deixa que o dia, que a noite, sejam os guias. Orvalho da manhã. Primavera fugitiva.






sábado, 8 de dezembro de 2018





Na azáfama do tempo de ser, esqueço-me de viver. E, como eu, tanta gente apressada cruzando-se, e entrecruzando-se, e mais nada.






sexta-feira, 7 de dezembro de 2018





Os ruídos das grandes cidades ecoam em nós. Ruas. Praças. Avenidas. O burburinho do que é prestes a desfalecer, quando a cidade se cansa e adormece.






quinta-feira, 6 de dezembro de 2018





Nas gentes que se entrecruzam, de manhã e ao entardecer, não há senão um mesmo rosto. Máscara de ser. Multidão.






quarta-feira, 5 de dezembro de 2018




A antemanhã. O anteclaro de ser dia. E a memória da noite fugitiva abraça-nos, por um instante, no antes do despertar.








Atravesso o rio e na outra margem encontro o outro em Mim. Silêncio.