domingo, 28 de junho de 2015

De serem os dias iguais




Primeiro as linhas do som

do violoncelo

desenharam novas linhas de pensamento

no meu ser, que, habituado

ao grande silêncio das catedrais de pedra,

se comoveu em espanto.


Mas, depois, no tumulto assombroso da multidão,

e longe de toda a melodia,

vi apenas uma cidade sombria.











sexta-feira, 19 de junho de 2015

Helénica!




Nesta morada,

existe apenas a madrugada

e aquele reflexo de claridade, do sol distante.

Por isso, na solidão do nosso ser,

o silêncio é mais é maior

que a lonjura

da distância absoluta

entre a morte e a tua luta.



quarta-feira, 17 de junho de 2015

Into memory




O reflexo de mim

neste espelho que é a vida

traz-me ao pensamento

cada outro momento

que vivi

sem pensar no envelhecer.


É agora o tempo do morrer

a cada dia

da existência

como se cada instante

que passa

mergulhasse na mais absoluta ausência.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Poeira




Através da vidraça,

vejo uma árvore inquieta

cujo horizonte é o céu.

Que longo martírio o seu!,

tão eternamente presa às raízes na terra

sem poder voar, como as aves, ao encontro de um deus.








terça-feira, 9 de junho de 2015

cinco de junho: nova estação




Na minha vida,

só há duas medidas,

ou é inverno ou é verão

não existe uma outra estação.


E nesta singular realidade

eu aventuro-me

na descoberta de uma a uma

cada coisa incerta

que há no meu pensamento:

ou uma roseira nascendo

ou o tempo envelhecendo.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Oil painting



Amanhece,

sem pressa, e sem burburinho -

a grande multidão que há de invadir

a cidade dorme ainda.


E eu, quase na madrugada, experimento,

neste chão das ruas sem gente,

o momento único em que a vida é inteira

e por isso mais verdadeira.