Que passa e fica como o universo,
nos disse o Poeta,
como se não houvesse outra
ventura no seu Ser,
que este seu saber.
Que passa e fica como o universo,
nos disse o Poeta,
como se não houvesse outra
ventura no seu Ser,
que este seu saber.
No alinhave dos pensamentos,
sempre perdura
a ideia da noite escura
e, nesse breu, vive fugitivo
o meu espírito,
triste e a sós,
no mundo que há em nós.
O rosto matizado de cansaço
à minha frente fita
a lonjura
da madrugada escura -
e eu, sem Alma já,
indiferente, como quem mente,
o rosto ignoro
e por isso não choro.
A Lua sobre o horizonte poisa
devagar
e, nua, em prata, despida,
revela-me o sentido da vida.
Sem névoa,
rasgado o horizonte,
o verso cinzela o pensamento
no fragmento de cada momento.
O movimento para
abrupto
e só há silêncio nas ruas
agora que os pássaros
adormeceram
para sonhar nesta tarde
de neblina
o sonho de ouro
de um mundo vindouro.
Há mais silêncio
na Alma,
quando eu me ponho a cantar
e leve e azul como o céu e o mar
esse hino
faz-me de novo pequenino
e até parece
que a vida enobrece.
Uma a uma, as folhas das árvores
dançam no ar, caindo,
e cumprem um ciclo de existência
com natural ciência.
Um rasto de memória
ainda - por que não finda?
Também a flor colhida
tem lembrança de um outro instante...
... mas segue avante.
Na madrugada, sofre-se
o frio que vem da imensidão da noite
para o despertar silencioso
da Alma -
que fronteira entre o sono e o acordar
neste Universo
sem par?
Cala.
Pois o Silêncio
é da sorte amigo.
E assim, numa noite sem fim,
sem murmúrio nem lamentação,
te verás levantado do chão.
A casa é só
e minha Alma inteira
nesta imensidão
é um barco que navega
na escuridão
dos dias mal aprumados
e dos mares sempre agitados.