Acende-se um fogo no céu
e o meu pensamento é chama de luz
onde cada um dos meus passos faz o grande eco
de ter na bondade e na esperança
uma Alma de Criança.
Acende-se um fogo no céu
e o meu pensamento é chama de luz
onde cada um dos meus passos faz o grande eco
de ter na bondade e na esperança
uma Alma de Criança.
Não agora quero viver
nem quero neste instante permanecer
apenas depois
quando o mundo for como uma rosa em botão
florescendo na minha mão.
Mistério do silêncio que é orvalho
e goteja límpido e puro
no meu pensamento ao amanhecer
como se o Mundo fosse acabado de nascer.
É um longe sem fim
onde parece perder-se a esperança
e está dentro de Mim
como um campo muito branco que balança.
Na minha quietude de estátua,
repercorro o trilho desta encosta
íngreme e sinto-me audaz
e nem penso que tantas vezes fugi
numa ânsia de não estar aqui.
A preto e branco vejo o mundo,
árvores negras, céu de breu,
e a fonte clara
de onde jorra aquela água de beber
que é a esperança do meu Ser.
Por entre as persianas, a luz.
Que belo poema do entardecer
é permitido aos meus olhos ver.
Descansa a rosa no meu colo
e nesse hausto breve
o meu caminho é mais leve.
Em todos os passos que deres,
procura a firmeza do chão,
não tropeçarás assim
mesmo perto do fim.
Corri. Caminhei,
mas não te alcancei.
És furtivo como a noite mais escura,
Tempo incerto,
minha eterna lonjura.
Do outro lado estás Tu.
Não sei das tuas forças
nem das tuas incertezas.
Mas sei, porque essa é a lei,
que és um viajante como eu
neste caminho que um deus deu.
É dentro de Mim que o oceano é vasto
e há marés e neblinas
e há também um pensamento que é nau
e que parte à descoberta
quando é a Hora certa.
Como um corpo que dança,
e, suave, balança,
sem nenhuma inquietação,
assim este verso te procura,
musa de ternura.
Corre mundo a nau das descobertas
e cada porto de paragem
é como aquela margem do Tejo
simples e fugaz
mas que traz um Abraço de Paz.
Sem princípio nem fim
o universo
vive dentro de Mim.
Com as estrelas conversei
sobre filosofia e arte
mas não pôde ser discutida
a humana forma de ser
de fazer guerra e matar e morrer.
Num momento,
o céu sedento do meu Coração
encontra, por entre búzios e corais,
uma lágrima esquecida
neste Mar da vida.
Ó Vida das mil faces desfeitas,
vem, antiquíssima e Bela,
trazer-me o cálice do absinto
para eu esquecer o que minto.
O caderno de escrevinhar
contém a verdade de cada dia
e se um verso em Mim confia
e jorra formoso nesta imensidão
é porque um deus me dá a sua mão.
Mora no passado a eterna esperança
onde em tempos fui Criança
e, brincando, via entardecer o dia
sem medo nem temor
como um anjo bento num andor.
No centro do Coração, aqui,
a minha Alma é raiz
e brotam mil ramos de vida
quando o pensamento sente também
o caminho daqui e d'além.
Ponho sobre a mesa de mármore
o caderno das horas
e vejo que é pedra reluzente
a dor que a minha Alma sente.