Um sorriso é o que basta
do princípio ao fim de uma vida
é ternura infinita
é amor que não se esquece
e que ao mundo se oferece.
Um sorriso é o que basta
do princípio ao fim de uma vida
é ternura infinita
é amor que não se esquece
e que ao mundo se oferece.
Nos corredores do desassossego,
há muitas portas viradas para o lado de dentro
que perturbam este meu pensamento.
Eis que a tarde chega ao fim.
E não sei porque vem da obscuridade o dia -
mas vem
é na noite que nasce o clarão
da nossa imensidão.
Ó centro de tudo, talvez nos confins do mundo
onde é sempre primavera,
possa um verso nascer no meu rosto
e ser um tesouro
de prata e ouro.
As estrelas têm aquela luz natural
que aos meus olhos
parece irreal
como quando abro a porta da rua
e a noite nua
e sem distâncias
reverbera em mil fragrâncias.
Tamanha era a esperança
que no meu Coração pousou
que não viu não quis ver
um amor a morrer.
Sozinho caminho
e misteriosamente a estrada que fica para trás
no meu peito se desfaz.
Como quem procura uma floresta,
no meio de cimento e alcatrão,
assim meu Sonho
é em vão
pois neste mundo real
sonhar é coisa tamanha
que até parece estranha
Com um verso se conversa longamente,
que é tertúlia sem enfado
nem pecado
e por isso quem verseja
tem nesse mourejar
o mundo e um lar.
Silêncio, que, sem perturbação,
as horas idas
na solidão inflamas,
devolve-me a comoção e a piedade
daquela outra idade.
O meu ser real procura-Te,
Alma e Vida,
para nessa imortalidade
eu ser de verdade.
Nu o olhar com que agora vejo o passado
entristece como uma paisagem
que é real,
verdadeira e sempre igual.
Ao longe, a sirene soa,
e é urgente
entre as nações a paz
e entre os homens a justiça
tanto que no meu pranto
só me espanto.
Nunca se regressa ao mesmo lugar
- tudo é outro e diferente
até o que se sente.
O clarão das luzes elétricas da rua
despe o céu de estrelas
e a noite povoada de mistério e de deuses
é agora um palco nu e deserto
no meu Coração aberto.
Aonde fica o espelho do Mar,
que só a minha Alma
crê e vê
como nele uma barca a navegar
uma e outra e outra vez.
É um quase silêncio.
E neste rumor cristalino
pressinto a água duma fonte
que apetece beijar e sorver
com todo o meu ser.
No ocaso do nevoeiro, tudo é penumbra,
menos a Tua voz,
sonoro Mar,
que vem a me buscar.
E nessa entrega eu sou aquele que procura na imensidão
do oceano do mundo
um sentir mais profundo.
Pela janela azul, entram e saem as estrelas
quando é noite
e, na escuridão, brilham apenas os astros celestes
e é então que no meu Ser
límpida e pura
a solidão perdura.
Havia um tempo em que o meu olhar pousava
numa orquídea ou numa rosa
e cada flor tinha a sua cor
como se o existir se vestisse de fora para dentro
em cada meu pensamento.
Quem dera saber o mistério
e viver
sem o anoitecer.
Lembrança de ser Criança
com o mundo inteiro nos olhos
e de mão dada
é mais bela e pura toda a jornada.
O sussurro das horas a passar
na fragilidade
do dia
requer um fogo de chão
- um braseiro do Coração.
Agarro a chávena largo a chávena
tanto faz
não importa se chove ou se faz sol
se não for límpido o pensamento
que me dá a guarida
a cada instante da vida.
Em todo o dia eu não encontrei
um homem, uma mulher e uma criança
trazidos pela esperança,
mas a claridade perfeita nasceu,
quando percebi enfim
que a graça está em Mim.
Chegaram e rompia o dia,
e uma estrela
celebrada
brilhava na madrugada
e não houve mais ousadia
que aquela de ajoelhar
e um pequeno deus beijar.
Voltarei também eu um dia,
como regressa sempre um amanhecer,
e colherei, se assim for,
o teu gesto de amor
e as palavras que na tua voz
me dirão
do mundo a imensidão.
Tanto de quietação,
serena placidez,
que voa minha Alma uma e outra vez.
E, neste recanto perdido, o mundo justo fica
por um momento
longe de qualquer lamento.
Há dias assim -
canto só para Mim -
também aquela ave cantou
e não tinha vizinhança
mas não deixou perdida a esperança.
Por um instante, o filme da minha vida
passou de fugida
e foi de quietação
e foi de serenidade
como se saísse da eternidade.
Medito um verso,
o primeiro de janeiro,
e vejo nas pegadas do passado
a cal e as flores mortas
em todas as portas.
Mas um verso triunfará
na Paz
do nosso destino fugaz.