Devagar me esquecem as Rosas,
abraçadas junto ao peito -
eram num outro tempo formosas
tinham a fama de ditosas
e eram só minhas, as Rosas -
mas tempo passou
e só eu
aqui estou.
Devagar me esquecem as Rosas,
abraçadas junto ao peito -
eram num outro tempo formosas
tinham a fama de ditosas
e eram só minhas, as Rosas -
mas tempo passou
e só eu
aqui estou.
Uma flauta que parece querer ser
uma chama a arder
eu escuto piedosamente
vendo o rebanho na encosta
vendo a claridade do dia reposta
e de tudo se gosta.
Se tudo me satisfizesse,
como o brando sol
tombando sobre a Colina,
talvez acontecesse
eu voltar a ser pequenina.
Chove no silêncio da rua -
deve ser assim
também dentro de Mim
um rio de água mansa
que devagar para a foz avança.
Levanto-me da cadeira
e percorro o corredor da casa
como quem segue o trilho da encosta
à procura
de uma outra lonjura
- nada ou abismo -
regresso à cadeira e cismo.
Não me ofereças Rosas
porque murcham
nas jarras
e as pétalas brandamente se soltam
e não mais voltam.