Novo Palimpsesto
Digressão Poética
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
Recolhimento
As portas vão-se fechando,
em redor dos pátios,
e o silêncio cá fora
na manhã
lembra o silêncio
dos grandes mosteiros
em oração.
Apenas falta a água
numa fonte correndo:
murmúrio de cada hora fenecendo.
domingo, 19 de outubro de 2014
O rosário das horas
Que madrugada é esta?,
que emerge da noite escura,
sem piedade nem ternura.
Que madrugada é esta?,
sem demónio nem deus
nem inferno nem céus.
Que madrugada é esta?,
Caminheiro, diz-me,
se é um rosário de horas,
que eu desfio, quando tu,
devendo, não choras.
sexta-feira, 17 de outubro de 2014
Destino
Como um rebanho espalhado
pela encosta
, eu sinto
aquela paz e quietude
de quem não tem senão na Fortuna
a sina de ser
uma luz do entardecer.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
A raiz
Nunca é tarde.
Pois até mesmo na morte,
no olvido mais profundo,
permanecerá
a tua natureza no mundo.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
O dia que chove
Passou a tempestade,
e, agora, o dia clareou de verdade,
como esquecendo
que até o universo vai morrendo.
E haverá talvez o dia em que nem chove
nem clareia e nem haverá uma nova ideia.
sábado, 11 de outubro de 2014
Strange restlesness
Tradução de Matt Waterson
Morning dawns beneath the trees of my yard,
paler, and more leisurely now.
But inside of me is a lament that cries out
for this no longer being the first day,
when I gathered in -
with my soul aflame -
that first hope one feels,
at the commencing of a new path.
sexta-feira, 10 de outubro de 2014
Agora... e para sempre...
Agarro-me, firmemente,
a todas as coisas que têm em si mesmas
uma marca de imutabilidade...
Preciso de um pouco de eternidade
na minha efémera vida
para que esta ânsia
não seja desmedida!
segunda-feira, 6 de outubro de 2014
A lição
É o mestre, o Tempo,
que ensina
que a certa Felicidade
nasce em cada momento de verdade
como quem caminha,
na maré vazia,
por sobre as algas
e os rochedos
vencendo todos os medos.
domingo, 5 de outubro de 2014
Outonal
A paisagem da janela é sempre igual.
As estações sucedem-se,
mas a colina mantém
a sua imagem de paisagem despida,
inerte, face ao movimento do tempo.
Tanto olho que acredito
que também
no coração dos homens
há uma dureza igual
e que é derradeira: final.
sábado, 4 de outubro de 2014
Entre o silêncio e uma porta
Amo, afinal, o silêncio.
Mesmo o silêncio mais duro
e frio, dos dias que escorrem
para o esquecimento.
Amo o silêncio sem lamento,
como, se das sombras
de qualquer momento,
não emergisse senão a paz.
Por isso, se baterem, não abrirei a porta,
deixarei, qual coisa morta,
o silêncio ser o meu amor sem fim.
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