quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O Canavial


Tradução de The Reed Bed de Dermot Healy,
poema gentilmente cedido, na sua versão inglesa,
 por Matt Waterson

É assim com os canaviais, diariamente

eu passo por eles,

mas, no instante em que me afasto

e o sussurro pára

algures atrás de mim,

por entre as árvores flutuantes,

eles deixam de existir.

E, então, eu começo

a divagar sobre o que é que eu perdi.

Que coisa era aquela -

essa coisa importante -

que eu deixei para trás de mim,

na estrada dos sonhos?


E, então, chega o momento,

quando regresso a casa,

de voltar, por acaso, pelo seu caminho;

e lá estão eles,

os familiares que eu perdi na manhã,

agora firmes, ao lado das árvores escuras

que assinalam o limite do canavial,

um agitado campo de canaviais âmbar,

qual tufo de penas, frágil, convocando-me.


E é quando eles verdadeiramente existem,

quando te aproximas,

no último momento,

e o olhar subitamente se apercebe deles,

cabeceando no seu leito de canela,

aprontando-se, numa agitação sussurrada,

por estarem de novo aqui.


 

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