domingo, 29 de janeiro de 2012

Cantata


Ontem, à noite, mergulhei na Alfama

do fado e dos fadistas - retiro silencioso

de que, na penumbra, ecoam as vozes e as guitarras.

Ao fundo o rio, que serpenteia em direção

ao Mundo, tão perto a Sé

e o Aljube.

E, tão raro e fugaz,

recordo o tempo em que vivi

ali, naquela mesma rua, há um quarto

de século; sem fado,

na altura, o que vibrava em mim

era uma cantata

feliz  de uma antiga Lisboa.


Hoje, povoa o meu pensamento esse estranho

momento em que habitei em Lisboa,

sem ter ouvido o fado-canção

rente ao Coração.

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