segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Carta de marear


escrevo-te uma carta, ó mar!,

tão breve, frio, distante,

que, se pudesse navegar, não sei se sempre partiria.

Onde me levaria o teu jornear,

que searas alcançaria?, se ao outro lado, ó mar!,

eu chegasse, quem me traria?

E os rochedos, ó mar!, que forças escondidas hão,

a vencer os medos

daquele maior segredo,

o mostrengo, teu senhor?

Por isso, ó mar!, me despeço, sem cruzar

ondas nem sal, nem maresia,

e até sempre, sem regresso,

de joelhos, te peço,

sê até sempre a Via.






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