quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ciranda


Que bocado do passado

entrou furtivo pela minha janela aberta?

Os rostos das fotografias,

os rostos que jamais conheci,

estão todos nas histórias que esqueci

daquela infância

tão breve.


Mas é este o chão

de um outro tempo.


Chão que se levanta

como um dia que acorda

sem um suspiro na curva da estrada

apenas povoado dessas memórias inexistentes.


Onde era largado o chapéu?

Onde a sopa fervia?

Que silêncio ou que vozes habitavam

no coração da casa?


Hoje a única certeza de que existiu esse outro tempo

está presente no rebanho que regressa dos campos

quase ao anoitecer

qual sino que tange

as horas do adormecer.






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