Pandora
Há vários dias sem ver televisão e não lhe sinto a falta.
Não sei o que se passa ao redor, mas acredito que esteja
tudo igual. Longe vão os tempos em que a programação semanal
era variada e tinha alguma qualidade recreativa e cultural e a digressão
pelo país e pelo mundo noticiava acontecimentos que eram elucidativos
de diferentes modos de ser e de estar. Hoje, à conta dos
canais temáticos, tudo se esgota. Quem tem paciência para ver horas
de policiais, de humor, de música, de desporto, de documentários, de notícias,
de filmes...? E, nos canais generalistas, quem suporta telenovelas, concursos,
entrevistas, protagonizadas por figuras ocas de capas de revista? A caixa que mudou
o mundo perdeu a inteligência e a lucidez num afã concorrencial - e perante
isto, concluo: agradar à maioria nunca é bom sinal. Pensamento elitista? Talvez.
Mas, hoje, gostaria de deslumbrar o olhar num episódio de uma série
inglesa de qualidade ou de mergulhar na profundidade de uma entrevista
conduzida por um verdadeiro comunicador. Hoje, gostaria que a caixa não formatasse
no mau e no medíocre e que, ao contrário, elevasse no sentido da diversidade e
da qualidade humana. Mas a caixa, hoje, é apenas uma caixa. O que se pode
esperar de uma caixa? A melhor recordação que tenho de uma é de quando
aí guardava os bichos da seda, que alimentava com folhas de amoreira,
esperando pela metamorfose.
Há vários dias sem ver televisão e não lhe sinto a falta.
Não sei o que se passa ao redor, mas acredito que esteja
tudo igual. Longe vão os tempos em que a programação semanal
era variada e tinha alguma qualidade recreativa e cultural e a digressão
pelo país e pelo mundo noticiava acontecimentos que eram elucidativos
de diferentes modos de ser e de estar. Hoje, à conta dos
canais temáticos, tudo se esgota. Quem tem paciência para ver horas
de policiais, de humor, de música, de desporto, de documentários, de notícias,
de filmes...? E, nos canais generalistas, quem suporta telenovelas, concursos,
entrevistas, protagonizadas por figuras ocas de capas de revista? A caixa que mudou
o mundo perdeu a inteligência e a lucidez num afã concorrencial - e perante
isto, concluo: agradar à maioria nunca é bom sinal. Pensamento elitista? Talvez.
Mas, hoje, gostaria de deslumbrar o olhar num episódio de uma série
inglesa de qualidade ou de mergulhar na profundidade de uma entrevista
conduzida por um verdadeiro comunicador. Hoje, gostaria que a caixa não formatasse
no mau e no medíocre e que, ao contrário, elevasse no sentido da diversidade e
da qualidade humana. Mas a caixa, hoje, é apenas uma caixa. O que se pode
esperar de uma caixa? A melhor recordação que tenho de uma é de quando
aí guardava os bichos da seda, que alimentava com folhas de amoreira,
esperando pela metamorfose.