terça-feira, 23 de agosto de 2011
Sob o signo do espelho
Durante anos, guardei um espelho. Nele,
observei o rosto de menina-adolescente e terei visto,
nesse longe passado, um sonho apenas feliz.
Depois, justamente, porque a fugacidade esteve tão presente
na realidade possível,
guardei o espelho na garagem e aí ficou quase
esquecido, quase perdido - a moldura em branco-pérola
tornou-se azulada, embora o espelho permanecesse imóvel e intacto.
Resolvi, entretanto, deitá-lo fora. Entregá-lo a outra sorte
e a outros rostos e isto porque, numa loja, encontrei
resplandecentes um cento de espelhos brilhantes. E, então, pensei
que este rosto de mulher-adulta precisa de um outro espelho,
um espelho tão mágico que anuncie
que a verdade de cada sonho
corre sempre como um rio.
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