terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ela canta...


No Centro Comercial Colombo, pelas 10 horas

da manhã, ao meu lado ela canta...

Trauteia muito baixo, quase em surdina, uma melodia,

e caminha, por entre os corredores das lojas, como

se estivesse em plena festa ou arraial, a viver numa

animação divertida. Tão próxima, e tão ao meu lado,

é impossível não ouvir a melodia que, percebo, é uma

música ali mesmo inventada e construída: uma sequência

melódica harmónica, quase festiva. E, nisto, penso quão

diferentes uma da outra nós somos! O meu cérebro que

densamente detalha e analisa e o cérebro dela que

musifica. Perante uma realidade tão a mesma e tão,

mesmo, atroz e sem graça - um passeio num

Shopping numa manhã de Domingo - eu e ela agimos

profundamente tão de modo diverso. Ela, alegremente,

caminhando, com uma música a povoar-lhe a cabeça; eu

seriamente pensando: como é possível trautear

sem sentir o mundo a girar?

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