sábado, 15 de outubro de 2011

Pensativo cigarro


Desfaz-se o fumo como coisa imaterial...

Desliza dos meus dedos um último pensativo

cigarro. Abandono à distância do que é, agora,

passado: um outro tempo! ido!

E o presente? Que linha é esta, que percorre

o espaço, sem movimento de futuro? A pátria

apaga-se também no mesmo cinzeiro onde pouso

este derradeiro cigarro e as cinzas engolem o último

morrão de luz. Ninguém acredita que uma contração

económica salve. Ninguém acredita que o empobrecimento

e o retrocesso sejam a solução. Tal como cada um dos

cigarros que, durante anos acendi, nunca me devolveram a

esperança de nada. Eram, apenas, pensativos cigarros!, e,

nesta Hora, tal e qualmente, está apenas pensativa a nação,

sem a ação heróica de ser.