segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Verde Maçã


Percorrer a avenida ao desabrigo do encontro

com alguém, é o destino atual de tantos no percurso

de cada dia. Solitariamente, também, no paraíso, Eva

provou a maçã - quem sabe que sorte não adviria para

a humanidade, se, ao invés, em franco concílio, a proposta

da serpente tivesse sido debatida e ponderadas as consequências.

Parece, enfim, que o fatum do homem é ser só, desde o instante

primeiro da idade de oiro; para o Bem e

para o Mal -está o homem  irremediavelmente só - , mesmo

se integrado numa rede social. E a rede, seja a família

sejam os amigos na net, não estará atuante

quando a emergência de decidir ocorrer.

«Como a maçã ou não?», terá seguramente Eva pensado

para consigo mesma, mas, como sempre sucede com

as verdadeiras experiências, absolutas, que são

intransmissíveis, só a ela podia caber a decisão

e a prova. Sempre que tal acontece, não há rua,

nem avenida, nem praça, onde

não estejamos senão tão inteiramente sós

quanto Eva

pecando pela primeira vez. Destino primeiro

do homem, mas também último e derradeiro.