domingo, 16 de outubro de 2011

A Vida é Bela


No Natal, o meu filho ofereceu-me um voucher

da Vida é Bela. Não o usei ainda; nem sei porquê.

Mas, olhando para a caixa, observo nela a utopia de

mais do que uma geração do pós-guerra na Europa.

A par com o sonho da sociedade fraterna e justa do

socialismo, nas democracias do Ocidente, venceu o mito

da vida é bela. Ou seja, cada um, a seu nível, e na sua

classe social, esperava alcançar gratuitamente e sem

esforço as benesses de um estado social protetor, que,

como um pai, oferecesse tudo quanto se entendesse

como necessário: os cuidados de saúde, a escola,

a reforma, etecetera. Para muitos destes homens e

mulheres ateus, alguém cuidava, alguém provia,

alguém protegia. E, afinal, hoje, o voucher do bem-estar

e da felicidade voltou a estar inteiramente nas mãos

individuais de cada ser: o que eu faço e não o que me é dado

é que marca a diferença entre os homens.