segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dormência


Talvez estejamos adormecidos. Talvez tenhamos

deixado de nos questionar. Talvez o encolher de ombros

e a aceitação acritica de quem não encontra alternativa

faça já parte do quotidiano de cada um de nós. Hoje, comprei

robalos - frescos, prateados e brilhantes - são robalos gregos,

a um preço módico e acessível. E, então, lembrei-me do mar que

configura a nossa geografia... talvez já não exista senão nos versos

perdidos dos poetas... talvez que esse mar seja hoje um deserto

e que, em vez de expandir, aprisiona a nossa natureza diária e quotidiana

de gente sem identidade própria nem cultura. Hoje, a economia sobrepõe-se

aos séculos de devir dos povos. Por isso, numa dormência sem voz, almoçarei

os robalos gregos e da janela da minha casa, outrora virada para o mar,

perscrutarei o céu em busca de um navio que navegue silente

em um novo novo mar.

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