Ondeando...
pelo mar, pelo vento, pelo sussurro
ora vivo ora tão suave dos sons que se projectam
pelo espaço da casa. E, sempre súbita, difunde-se,
necessária, a nota de pensamento,
que interrompe as tarefas da rotina do lar e obriga
a uma pausa de meditação. Naturalmente, é a minha telefonia,
velha, partida a antena, e que me foi oferecida
num gesto de solidariedade já há muitos anos atrás. Podia,
evidentemente, hoje, comprar uma outra; mas receio que o
posto emissor se possa dessintonizar
e eu perca, assim, em tempo real, uma nova forma de fazer rádio
que me lembra no continuum todo um tempo, que era tempo,
de existência.
É a FI-FM., ao meu lado, presente na saudável monotonia da repetição
diária de tudo o que hoje, na sociedade, convencionamos
como uma perda de tempo ou uma desvalorização das qualificações humanas.
E, assim, sem ter de pensar sequer,
basta-me empurrar o botão para que a totalidade
do Universo
esteja comigo do lado de dentro de casa.
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