sábado, 25 de junho de 2011

Silenciosas pedras


Quando vou sentada, na carruagem do comboio,

observo sempre à minha direita, numa das etapas

do trajecto, o espaço físico

da minha velha Escola. Hoje, do amontoado de

pedras do derrube dos pavilhões antigos, começam-se

a erguer novas estruturas de cimento, de onde saem grossos

fios de ferro, sinalizando o frenético e frio movimento

mecânico das obras da Parque Escolar. Então,curiosamente, penso,

se, de algum modo, eu quisesse recuperar do passado as

memórias, inscritas nas pedras, do meu trajecto profissional,

não encontraria hoje qualquer sinal no espaço físico.

A primeira Escola onde trabalhei foi desmontada e no seu local

foi construído um mercado de feirantes; e a segunda, esta,

reprojectada, derrubada e reconstruída.

E, assim, por entre este silêncio de pedras, faço, agora,

a caminhada em direcção ao «mosteiro dos dois pátios»,

como tão bem o definiu o J., tentando, no diário livro

das horas, libertar todas as palavras.

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