Silenciosas pedras
Quando vou sentada, na carruagem do comboio,
observo sempre à minha direita, numa das etapas
do trajecto, o espaço físico
da minha velha Escola. Hoje, do amontoado de
pedras do derrube dos pavilhões antigos, começam-se
a erguer novas estruturas de cimento, de onde saem grossos
fios de ferro, sinalizando o frenético e frio movimento
mecânico das obras da Parque Escolar. Então,curiosamente, penso,
se, de algum modo, eu quisesse recuperar do passado as
memórias, inscritas nas pedras, do meu trajecto profissional,
não encontraria hoje qualquer sinal no espaço físico.
A primeira Escola onde trabalhei foi desmontada e no seu local
foi construído um mercado de feirantes; e a segunda, esta,
reprojectada, derrubada e reconstruída.
E, assim, por entre este silêncio de pedras, faço, agora,
a caminhada em direcção ao «mosteiro dos dois pátios»,
como tão bem o definiu o J., tentando, no diário livro
das horas, libertar todas as palavras.
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