Shanti
No espaço de yoga da A., a sala de aula
convive com as árvores e as flores do quintal
e o canto das aves. Quando se entra, empurrando com
esforço o grande portão de ferro, sabe-se que se vai
aceder a um pequeno oásis plantado ao lado do IC19.
É, então, estranho, talvez, como, paralela à mais
movimentada via de circulação do país, se encontra,
justamente, o espaço da mais profunda paz.
Mas a vida é feita destes paradoxos, subtis ao entendimento.
A estrada, que nos leva ao coração da capital para o difícil trabalho
diário, é a mesma que nos conduz a um recanto onde se encontra
o sossego e a harmonia.
Por isso, em determinados momentos da aula, a A. nos diz para estarmos
atentos aos ruídos exteriores e, noutros momentos, nos diz para
nos abstrairmos desses mesmos ruídos. É desta dinâmica que se
sustenta o equilíbrio da vida e a paz não se alcança se apenas
fugirmos à realidade.
No Outono, há sempre laranjas no quintal da A. que tombam
das árvores e cada uma delas não é senão
um pedaço de Natureza que irrompe, como cada um de nós,
triunfalmente, da dureza do asfalto.
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