domingo, 19 de junho de 2011

Shanti


No espaço de yoga da A., a sala de aula

convive com as árvores e as flores do quintal

e o canto das aves. Quando se entra, empurrando com

esforço o grande portão de ferro, sabe-se que se vai

aceder a um pequeno oásis plantado ao lado do IC19.

É, então, estranho, talvez, como, paralela à mais

movimentada via de circulação do país, se encontra,

justamente, o espaço da mais profunda paz.

Mas a vida é feita destes paradoxos, subtis ao entendimento.

A estrada, que nos leva ao coração da capital para o difícil trabalho

diário, é a mesma que nos conduz a um recanto onde se encontra

o sossego e a harmonia.

Por isso, em determinados momentos da aula, a A. nos diz para estarmos

atentos aos ruídos exteriores e, noutros momentos, nos diz para

nos abstrairmos desses mesmos ruídos. É desta dinâmica que se

sustenta o equilíbrio da vida e a paz não se alcança se apenas

fugirmos à realidade.

No Outono, há sempre laranjas no quintal da A. que tombam

das árvores e cada uma delas não é senão

um pedaço de Natureza que irrompe, como cada um de nós,

triunfalmente, da dureza do asfalto.

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