Nanopartículas
Os milagres da sobrevivência, no mundo ocidental,
estão, cada vez mais, concentrados nas
nanopartículas. É espantoso
como o infinitamente pequeno pode contribuir,
e contribui, para o prolongamento da vida,
quando o organismo do indivíduo, por qualquer
razão, deixa de funcionar perfeitamente.
Mas estes milagres impensáveis há anos atrás
são também consequentes de novas necessidades,
que se impõem, ante um modo de vida actual que
padroniza hábitos de consumo, nomeadamente alimentares,
que em muito antecipam o desequilíbrio e
a doença. Contudo, genericamente falando, observa-se
que é mais barato comprar um medicamento para regular
níveis de gordura no organismo do que, diariamente,
fazer uma dieta saudável e equilibrada. Entre a conta
da farmácia e a conta do supermercado pesa-se uma escolha.
Entre um bem alimentar normalizado, fertilizado, criado
de forma massiva, manipulado e um produzido de forma
natural não há escolha, porque o segundo é praticamente
inexistente.
Observo, então, que aparentemente o futuro do homem ocidental
estás nas mãos de uma quase invisibilidade
sintética - criada e manipulada por indústrias poderosas -;
e, neste ponto, estes demiurgos do presente
serão talvez seres de alma vendida, que, sem pensarem,
procuram o elixir da longa vida.
domingo, 31 de julho de 2011
sábado, 30 de julho de 2011
Cinéma
O acento não é engano. A palavra do título está mesmo
inscrita em francês. Apeteceu-me. Fica com outra melodia
e qualquer falante de português perceberá. Às vezes é assim,
na procura das palavras, surge um apontamento ou uma inscrição
numa outra língua e só nela é que, o que se pretende dizer, passa
a fazer sentido. Também é assim com as ideias: no desfiar do pensamento,
surgem umas e são eliminadas outras, mas há, necessariamente, um fluir.
E este fluir é à imagem de um filme equivalente - primeiro,
gravamos as imagens, depois, seleccionamos e montamos
a sequência, que terá sentido. Contudo, na mente,
o processo, embora, certamente técnico, não
é consciente, senão a partir do ponto
em que, quase como espectador, quem escreve assiste ao desenrolar
da longa ou curta metragem ante os seus olhos.
E, nisto, a escrita tal como o cinema são extraordinários,
permitem a efabulação dos mistérios da natureza humana.
O acento não é engano. A palavra do título está mesmo
inscrita em francês. Apeteceu-me. Fica com outra melodia
e qualquer falante de português perceberá. Às vezes é assim,
na procura das palavras, surge um apontamento ou uma inscrição
numa outra língua e só nela é que, o que se pretende dizer, passa
a fazer sentido. Também é assim com as ideias: no desfiar do pensamento,
surgem umas e são eliminadas outras, mas há, necessariamente, um fluir.
E este fluir é à imagem de um filme equivalente - primeiro,
gravamos as imagens, depois, seleccionamos e montamos
a sequência, que terá sentido. Contudo, na mente,
o processo, embora, certamente técnico, não
é consciente, senão a partir do ponto
em que, quase como espectador, quem escreve assiste ao desenrolar
da longa ou curta metragem ante os seus olhos.
E, nisto, a escrita tal como o cinema são extraordinários,
permitem a efabulação dos mistérios da natureza humana.
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Viaduto
O antúrio, habituado à incidente claridade
densa da sombra, resistirá, quando transportado
para o ar livre e o sol? Todos os dias, ultimamente,
penso nisto. E é trabalhosa esta reflexão.
Tão trabalhosa que deixei de reflectir sobre qualquer
outro assunto ou tema. Talvez que, afinal de contas,
também apenas isto importe aos grandes do mundo: saber qual o destino
das plantas - que tão imóveis e acomodadas -
nem dão trabalho
no alcatrão da estrada.
O antúrio, habituado à incidente claridade
densa da sombra, resistirá, quando transportado
para o ar livre e o sol? Todos os dias, ultimamente,
penso nisto. E é trabalhosa esta reflexão.
Tão trabalhosa que deixei de reflectir sobre qualquer
outro assunto ou tema. Talvez que, afinal de contas,
também apenas isto importe aos grandes do mundo: saber qual o destino
das plantas - que tão imóveis e acomodadas -
nem dão trabalho
no alcatrão da estrada.
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Fuso Horário
Para onde vai o Tempo? Para onde escorre?
Porque há sempre um dos lados do planeta dormindo?
Porque muda a Hora no Inverno e no Verão?
Porque não medimos o Tempo só com relógios de areia,
vendo escoar cada grão como um tic-tac imóvel?
Apenas as escalas dos aviões, nos aeroportos, de todo o mundo,
vencem este desconcerto dos milésimos de segundos.
Para onde vai o Tempo? Para onde escorre?
Porque há sempre um dos lados do planeta dormindo?
Porque muda a Hora no Inverno e no Verão?
Porque não medimos o Tempo só com relógios de areia,
vendo escoar cada grão como um tic-tac imóvel?
Apenas as escalas dos aviões, nos aeroportos, de todo o mundo,
vencem este desconcerto dos milésimos de segundos.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Aroma de café
Vivemos tempos em que a imprevisibilidade
é a nota dominante do nosso quotidiano. Como
será a situação social, económica ou política
daqui a um ano, daqui a seis meses, na próxima
semana? Não se sabe. E, no entanto, a maioria de nós
vive absorta a esta fragilidade absoluta do dia-a-dia.
Exemplo disso está patente numa ida
a uma loja de venda de cápsulas de café da Nespresso:
o cerimonial de circunstância no atendimento a cada
cliente, por parte dos colaboradores da loja, faz-nos
pensar que atingimos os picos extraordinários
de algum estatuto social ou humano,
traduzível numa afectação de cortesia
em que tudo é representação. E é desse mesmo teatro que se alimenta,
na vida, a crise económica e política, as estruturas de poder, e até as
relações humanas. Tudo é raro, extraordinário e imprevisível,
mas continuamo-nos a comportar como actores em palco,
representando um certo, mesmo frágil, papel, numa
opereta em que, como os colaboradores da Nespresso,
não nos rimos e como que levamos a sério
o cerimonial de afectação. Tudo é de plástico, neste
momento. Na próxima ida à loja da Nespresso,
irei exigir a reutilização do saco e não a sua reciclagem.
Talvez, aí, então, perante um facto inusitado,
eu chegue à fala com um outro ser humano.
Vivemos tempos em que a imprevisibilidade
é a nota dominante do nosso quotidiano. Como
será a situação social, económica ou política
daqui a um ano, daqui a seis meses, na próxima
semana? Não se sabe. E, no entanto, a maioria de nós
vive absorta a esta fragilidade absoluta do dia-a-dia.
Exemplo disso está patente numa ida
a uma loja de venda de cápsulas de café da Nespresso:
o cerimonial de circunstância no atendimento a cada
cliente, por parte dos colaboradores da loja, faz-nos
pensar que atingimos os picos extraordinários
de algum estatuto social ou humano,
traduzível numa afectação de cortesia
em que tudo é representação. E é desse mesmo teatro que se alimenta,
na vida, a crise económica e política, as estruturas de poder, e até as
relações humanas. Tudo é raro, extraordinário e imprevisível,
mas continuamo-nos a comportar como actores em palco,
representando um certo, mesmo frágil, papel, numa
opereta em que, como os colaboradores da Nespresso,
não nos rimos e como que levamos a sério
o cerimonial de afectação. Tudo é de plástico, neste
momento. Na próxima ida à loja da Nespresso,
irei exigir a reutilização do saco e não a sua reciclagem.
Talvez, aí, então, perante um facto inusitado,
eu chegue à fala com um outro ser humano.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Abóbora-Carneira
De facto, por estes dias,
para completar o poema de Cesário,
só faltavam
as duas frugais abóboras-carneiras...
e ei-las, as minhas, que chegaram a minha casa:
vermelhas, fartas, enormes,
como sustentando em vitalidade e força
as gentes todas do mundo.
E não houve mais que saber... das abóboras-carneiras
à vista de todos
como é natural
fez-se um festim
entre amigas:
e a mesa farta alimentou
cada ser que por aqui passou...
Não houve quem não gostasse
deste alimento da terra,
que, sem taxa nem comércio,
partido e dividido,
cozinhado e preparado,
relembrou a cada um o valor
de cada... lívido cobre.
De facto, por estes dias,
para completar o poema de Cesário,
só faltavam
as duas frugais abóboras-carneiras...
e ei-las, as minhas, que chegaram a minha casa:
vermelhas, fartas, enormes,
como sustentando em vitalidade e força
as gentes todas do mundo.
E não houve mais que saber... das abóboras-carneiras
à vista de todos
como é natural
fez-se um festim
entre amigas:
e a mesa farta alimentou
cada ser que por aqui passou...
Não houve quem não gostasse
deste alimento da terra,
que, sem taxa nem comércio,
partido e dividido,
cozinhado e preparado,
relembrou a cada um o valor
de cada... lívido cobre.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Sempre Imutável Desafio
Cada tarefa, em cada momento, deve ser um desafio
que se enfrenta como que renovado. Nada, como muito bem sei,
é permanente: nem a inteligência, nem a força, nem
a capacidade, nem a beleza, nem a vida. Sabendo isto, o homem
só pode humildemente ser. Encontrar o caminho para a Índia
acontece apenas uma vez... mas em cada outra viagem
a atitude deve ser igual à da primeira: e nisto
não pode nunca haver glória firme e alcançada,
pois na natureza frágil do homem
está a desdita
concertada.
Cada tarefa, em cada momento, deve ser um desafio
que se enfrenta como que renovado. Nada, como muito bem sei,
é permanente: nem a inteligência, nem a força, nem
a capacidade, nem a beleza, nem a vida. Sabendo isto, o homem
só pode humildemente ser. Encontrar o caminho para a Índia
acontece apenas uma vez... mas em cada outra viagem
a atitude deve ser igual à da primeira: e nisto
não pode nunca haver glória firme e alcançada,
pois na natureza frágil do homem
está a desdita
concertada.
domingo, 24 de julho de 2011
Rumar
Que outrora longe é, hoje, tão presente
que anula a distância, silenciosamente?
Será a foto que o O. me deu ontem?
Serão os ínvios acontecimentos do mundo,
tão longe e tão perto? Oslo, Líbia, Somália...
Será a quietude do bairro, adormecido ao sol,
neste Domingo na manhã sem varinas nem pregões?
Tudo isso e o mar... Tudo isso e a ausência do vento,
que agora se transformou em brisa suave...
E, assim, à bolina, sigo o caminho neste vasto oceano
que oculta, no eterno presente, as asperezas da vida.
Que outrora longe é, hoje, tão presente
que anula a distância, silenciosamente?
Será a foto que o O. me deu ontem?
Serão os ínvios acontecimentos do mundo,
tão longe e tão perto? Oslo, Líbia, Somália...
Será a quietude do bairro, adormecido ao sol,
neste Domingo na manhã sem varinas nem pregões?
Tudo isso e o mar... Tudo isso e a ausência do vento,
que agora se transformou em brisa suave...
E, assim, à bolina, sigo o caminho neste vasto oceano
que oculta, no eterno presente, as asperezas da vida.
sábado, 23 de julho de 2011
Em Ogígia, a paz
Estranhamente, só há perfeição,
quando, perfeitamente, desaparece
na totalidade, em cada um, a consciência dela.
Enquanto, na ordem das coisas, houver
a consciência do juízo
do muito bom e do excelente,
estaremos no rol superficial da acção
que compara
e avalia ou auto-avalia.
Se tudo isso desaparecesse, em cada um,
ficaria apenas o Ser
e, no movimento do mundo,
nada duraria senão um segundo.
Estranhamente, só há perfeição,
quando, perfeitamente, desaparece
na totalidade, em cada um, a consciência dela.
Enquanto, na ordem das coisas, houver
a consciência do juízo
do muito bom e do excelente,
estaremos no rol superficial da acção
que compara
e avalia ou auto-avalia.
Se tudo isso desaparecesse, em cada um,
ficaria apenas o Ser
e, no movimento do mundo,
nada duraria senão um segundo.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
A Última Nau
A última nau navega para Além.
Quem a sustém? Quem a firma e quem
a move, se no mar breve se envolve
no nevoeiro que nasce do sonho primeiro?
Pouco importa... pelo menos, as asas
do saco em renda de croché foram cosidas
e robustas carregam as coisas queridas.
E, para além disto, o que mais há então?
A fome, a miséria, a escravidão... e o cansaço.
A última nau navega para Além.
Quem a sustém? Quem a firma e quem
a move, se no mar breve se envolve
no nevoeiro que nasce do sonho primeiro?
Pouco importa... pelo menos, as asas
do saco em renda de croché foram cosidas
e robustas carregam as coisas queridas.
E, para além disto, o que mais há então?
A fome, a miséria, a escravidão... e o cansaço.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Diálogo na noite
Há, na noite, vozes
que se encontram,
desafiando o despertar
do dia.
E, nesse declive nocturno,
sonha o silêncio
como se cada um
apenas em si habitasse.
Por isso, agora, cada som,
uma água que escorre,
desperta o que
jamais morre:
a eterna flor do coração
que te ofereço em meditação.
Há, na noite, vozes
que se encontram,
desafiando o despertar
do dia.
E, nesse declive nocturno,
sonha o silêncio
como se cada um
apenas em si habitasse.
Por isso, agora, cada som,
uma água que escorre,
desperta o que
jamais morre:
a eterna flor do coração
que te ofereço em meditação.
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Ditos em aguarelas
A apropriação que faço do título representa
a apropriação que fiz das ideias... apenas isso
sucedeu hoje na aula. E foi tudo tão suave, tão calmo,
tão fluente... como um mil estivesse presente...
Foi, talvez, a última aula do ano, tão estranhamente
em Julho dentro. Foi assim como uma despedida, um adeus destes que foram
os primeiros da multidão da minha vida.
A apropriação que faço do título representa
a apropriação que fiz das ideias... apenas isso
sucedeu hoje na aula. E foi tudo tão suave, tão calmo,
tão fluente... como um mil estivesse presente...
Foi, talvez, a última aula do ano, tão estranhamente
em Julho dentro. Foi assim como uma despedida, um adeus destes que foram
os primeiros da multidão da minha vida.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Pedra Amassada
Há, em Portugal, lugares, aldeias ou vilas,
com nomes tão inusitados como criativos. Pedra
Amassada, na Ericeira, é um deles.
E, na chegada ao local, deparámo-nos com vales
e serras aonde o vento agreste, vindo do mar,
faz balançar toda a natureza num movimento enérgico
e poderoso de força. Fomos, com majestade, recebidas
por um gato - que breve, num cabriolar, logo desapareceu.
Poderia ter sido um tigre. Tão distantes da civilização nos
encontrávamos!
Mas da pedra amassada não vi qualquer sinal,
a não ser nos brincos de safira brilhantes que a E. ofereceu,
sinalizando nessa oferta um agradecimento,
de todas nós, ao gentil gesto da Luz,
que nos cedeu a casa.
Há, em Portugal, lugares, aldeias ou vilas,
com nomes tão inusitados como criativos. Pedra
Amassada, na Ericeira, é um deles.
E, na chegada ao local, deparámo-nos com vales
e serras aonde o vento agreste, vindo do mar,
faz balançar toda a natureza num movimento enérgico
e poderoso de força. Fomos, com majestade, recebidas
por um gato - que breve, num cabriolar, logo desapareceu.
Poderia ter sido um tigre. Tão distantes da civilização nos
encontrávamos!
Mas da pedra amassada não vi qualquer sinal,
a não ser nos brincos de safira brilhantes que a E. ofereceu,
sinalizando nessa oferta um agradecimento,
de todas nós, ao gentil gesto da Luz,
que nos cedeu a casa.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
A cada dia
dá Deus um novo dia.
É bonita esta frase;
sobretudo,
porque a quem hoje a ouvi dizer
tem uma pobre
mente que não lê nem tão pouco arde.
dá Deus um novo dia.
É bonita esta frase;
sobretudo,
porque a quem hoje a ouvi dizer
tem uma pobre
mente que não lê nem tão pouco arde.
domingo, 17 de julho de 2011
The red badge of courage
Nos desafios da vida, quem merecidamente
recebe a medalha? Não sei. Do que conheço, a nossa bravura
não obedece senão às circunstâncias do momento,
em que, por qualquer razão, não conseguimos ser
cobardes. A força que encontro em mim e nos outros
é circunstancial: é uma quase impossível cobardia.
Digamos que a Vida não nos dá margem para essa alternativa.
Mas, no entanto, também há aqueles que fogem, ou que fugiram.
Recriminamos? Entregamos uma medalha? Não sei.
E, neste momento, em que reúno cada peça de ouro
e prata, interrogo-me sobre o Destino.
O que fazer? O acto heróico do despojamento e da morte?
O acto cobarde da preservação e da lembrança?
Em qual destes está a medalha espelhada?
Nos desafios da vida, quem merecidamente
recebe a medalha? Não sei. Do que conheço, a nossa bravura
não obedece senão às circunstâncias do momento,
em que, por qualquer razão, não conseguimos ser
cobardes. A força que encontro em mim e nos outros
é circunstancial: é uma quase impossível cobardia.
Digamos que a Vida não nos dá margem para essa alternativa.
Mas, no entanto, também há aqueles que fogem, ou que fugiram.
Recriminamos? Entregamos uma medalha? Não sei.
E, neste momento, em que reúno cada peça de ouro
e prata, interrogo-me sobre o Destino.
O que fazer? O acto heróico do despojamento e da morte?
O acto cobarde da preservação e da lembrança?
Em qual destes está a medalha espelhada?
sábado, 16 de julho de 2011
Percursos
Ontem, trilhos e margens, no Picoas Plaza.
Um encontro da lusofonia, abrilhantado pelo melodioso timbre
brasileiro de Laura Cavalcante, e com a presença dos guineenses, Odete Semedo
e Tony Tcheka, e do cabo-verdiano, Joaquim Arena, escritores.
E, neste entender de fala uns com outros se expressou
de modo extraordinário o sentido da universalidade portuguesa
no mundo. É raro e invulgar que alguém que expressa o seu sentimento
de amor à pátria possa ser completamente entendido por outrem de
nacionalidade diferente. Mas é o que connosco (povos da lusofonia)
acontece. Por isso, os nossos grandes poetas são transversais a todos
nós e até na riqueza do crioulo há uma ponte que
liga as margens da língua portuguesa na descoberta de novos trilhos.
Nota final: o tempo de duração da mesa redonda, sabiamente gerido.
Nem de mais nem de menos. O tempo exacto para conhecermos os
escritores e a sua poética. E aqui, como sempre, funcionam duas
vozes: a do homem e a da escrita. Às vezes, dá-se a feliz coincidência
de ambos serem excepcionais.
Ontem, trilhos e margens, no Picoas Plaza.
Um encontro da lusofonia, abrilhantado pelo melodioso timbre
brasileiro de Laura Cavalcante, e com a presença dos guineenses, Odete Semedo
e Tony Tcheka, e do cabo-verdiano, Joaquim Arena, escritores.
E, neste entender de fala uns com outros se expressou
de modo extraordinário o sentido da universalidade portuguesa
no mundo. É raro e invulgar que alguém que expressa o seu sentimento
de amor à pátria possa ser completamente entendido por outrem de
nacionalidade diferente. Mas é o que connosco (povos da lusofonia)
acontece. Por isso, os nossos grandes poetas são transversais a todos
nós e até na riqueza do crioulo há uma ponte que
liga as margens da língua portuguesa na descoberta de novos trilhos.
Nota final: o tempo de duração da mesa redonda, sabiamente gerido.
Nem de mais nem de menos. O tempo exacto para conhecermos os
escritores e a sua poética. E aqui, como sempre, funcionam duas
vozes: a do homem e a da escrita. Às vezes, dá-se a feliz coincidência
de ambos serem excepcionais.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Álbum de Fotografias
Estão soltas... completamente soltas...
como se tivessem vida, e correm pelas minhas mãos
e mergulham no meu olhar que vê. Estas fotografias
a preto e branco e sépia levavam-me a um longe
tão longe que nem sei definir. E ali estão
o avô, a avó, o bisavô, a bisavó, os pais,
outra gente que não conheço, mas que é do meu sangue,
e eu própria, a branco e sépia também.
Colhi este tesouro há um ano atrás e preservo-o
talvez com o ensejo de o deixar em herança
a outros, que de igual modo olhem com uns idênticos olhos
a inscrição de vida que aí está presente. Por isso,
hoje, a tomatada com ovos, na qual demolharei o pão
fresco e branco, será o almoço perfeito para quem
partiu de um longe tão longe e, agora,
neste presente, procura reconstruir o puzzle do tempo
que não é senão uma miragem vaga e vazia de todo. Ao O. entreguei a foto
perfeita da avó, tão jovem, tão moça, e, quando
recuperada, remoçará no tempo
e ficará um instante,
apenas e tão só,
na eterna perfeição
das coisas inamovíveis.
Estão soltas... completamente soltas...
como se tivessem vida, e correm pelas minhas mãos
e mergulham no meu olhar que vê. Estas fotografias
a preto e branco e sépia levavam-me a um longe
tão longe que nem sei definir. E ali estão
o avô, a avó, o bisavô, a bisavó, os pais,
outra gente que não conheço, mas que é do meu sangue,
e eu própria, a branco e sépia também.
Colhi este tesouro há um ano atrás e preservo-o
talvez com o ensejo de o deixar em herança
a outros, que de igual modo olhem com uns idênticos olhos
a inscrição de vida que aí está presente. Por isso,
hoje, a tomatada com ovos, na qual demolharei o pão
fresco e branco, será o almoço perfeito para quem
partiu de um longe tão longe e, agora,
neste presente, procura reconstruir o puzzle do tempo
que não é senão uma miragem vaga e vazia de todo. Ao O. entreguei a foto
perfeita da avó, tão jovem, tão moça, e, quando
recuperada, remoçará no tempo
e ficará um instante,
apenas e tão só,
na eterna perfeição
das coisas inamovíveis.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Bailando
Pediram-me que não andasse de saltos altos.
Que aborrecimento! Eu que sempre lavava, com uma esfregona,
e balde, o chão da casa, tenho agora que me mover no silêncio
das bailarinas em pontas. Irei comprar um tutú. E, então,
cada movimento na casa será um bailado em renda
clássico ou moderno consoante o ritmo
da música dos mantras indus
que energizam o espaço.
Sem público, contudo, não colherei os aplausos
merecidos da limpeza diária e do asseio lustroso
do chão. Mas não faz mal, o bailado de pés assentes
e firmes na placa do edifício dar-me-á um novo
sentimento de inteireza merecido e conquistado
no labor dos anos de exercício.
E, depois, justamente hoje, o meu filho, que só
regressará no sábado, deixa-me aberto um campo de
manobras para o ajuste da técnica do ballet.
Pediram-me que não andasse de saltos altos.
Que aborrecimento! Eu que sempre lavava, com uma esfregona,
e balde, o chão da casa, tenho agora que me mover no silêncio
das bailarinas em pontas. Irei comprar um tutú. E, então,
cada movimento na casa será um bailado em renda
clássico ou moderno consoante o ritmo
da música dos mantras indus
que energizam o espaço.
Sem público, contudo, não colherei os aplausos
merecidos da limpeza diária e do asseio lustroso
do chão. Mas não faz mal, o bailado de pés assentes
e firmes na placa do edifício dar-me-á um novo
sentimento de inteireza merecido e conquistado
no labor dos anos de exercício.
E, depois, justamente hoje, o meu filho, que só
regressará no sábado, deixa-me aberto um campo de
manobras para o ajuste da técnica do ballet.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Púrpura
É inesperada a luz, o sol, as searas
na terra quente e lustrosa. Há um halo
em volta. É o solo que regurgita no canto
das cigarras que ensina o caminho na estrada
tortuosa de alcatrão abrasado. Indiferentes a tudo
isto seguem no trilho os automóveis e as motorizadas.
Mas onde pára o brilho? Sem a luz? Será na terra queimada?
...Um gelado e um café quente fazem esquecer completamente o quadro único
da paisagem encantada.
É inesperada a luz, o sol, as searas
na terra quente e lustrosa. Há um halo
em volta. É o solo que regurgita no canto
das cigarras que ensina o caminho na estrada
tortuosa de alcatrão abrasado. Indiferentes a tudo
isto seguem no trilho os automóveis e as motorizadas.
Mas onde pára o brilho? Sem a luz? Será na terra queimada?
...Um gelado e um café quente fazem esquecer completamente o quadro único
da paisagem encantada.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Fatalidade
Súbito, um medo, que sobe e cresce,
desaparece. E, à volta, as densidades
compactas dos signos e dos sinais tornam-se
factos quotidianos tão simples como a caminhada
da L. e da C. do carro para o prédio ou a chegada
do trabalho de cada vizinho da praceta. E, então,
súbito, revejo-me de novo inteira neste movimento
das coisas universais: a Celeste que teve o AVC e
toma o pequeno-almoço no café; a labuta das mulheres
que varrem as ruas; o vizinho João com quem sempre
falo; os outros companheiros do bairro que acenam
e dizem bom-dia; a florista e o ourives que abrem cedo
as lojas pela manhã.
E, então, interrogo-me que fatalidade súbita é esta?
Tão súbita que o líquido que em mim injecto me faça regressar,
sem que a minha natureza se desintegre. E sem que no Universo
não haja senão um profundo e inamovível silêncio,
como se nada mais existisse do que antimatéria e um eterno vórtice
de buracos negros.
Súbito, um medo, que sobe e cresce,
desaparece. E, à volta, as densidades
compactas dos signos e dos sinais tornam-se
factos quotidianos tão simples como a caminhada
da L. e da C. do carro para o prédio ou a chegada
do trabalho de cada vizinho da praceta. E, então,
súbito, revejo-me de novo inteira neste movimento
das coisas universais: a Celeste que teve o AVC e
toma o pequeno-almoço no café; a labuta das mulheres
que varrem as ruas; o vizinho João com quem sempre
falo; os outros companheiros do bairro que acenam
e dizem bom-dia; a florista e o ourives que abrem cedo
as lojas pela manhã.
E, então, interrogo-me que fatalidade súbita é esta?
Tão súbita que o líquido que em mim injecto me faça regressar,
sem que a minha natureza se desintegre. E sem que no Universo
não haja senão um profundo e inamovível silêncio,
como se nada mais existisse do que antimatéria e um eterno vórtice
de buracos negros.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Ao acordar
a diagonal breve, mas lúcida, do sol
projecta-se na cabeceira da cama. Por isso,
gosto do despertar na noite para ver o dia
a nascer. Se soubesse, mediria o movimento
aparente do sol na parede do meu quarto e
do desenho faria um quadro inexistente,
que me despertaria, a cada manhã, com a alegria
clara da roupa brilhante e alvoraçada no estendal
da cozinha. Este é o silêncio que percorre, no amanhecer,
a casa, no Verão, como um fio de luz a escorrer
pelas paredes do prédio.
a diagonal breve, mas lúcida, do sol
projecta-se na cabeceira da cama. Por isso,
gosto do despertar na noite para ver o dia
a nascer. Se soubesse, mediria o movimento
aparente do sol na parede do meu quarto e
do desenho faria um quadro inexistente,
que me despertaria, a cada manhã, com a alegria
clara da roupa brilhante e alvoraçada no estendal
da cozinha. Este é o silêncio que percorre, no amanhecer,
a casa, no Verão, como um fio de luz a escorrer
pelas paredes do prédio.
domingo, 10 de julho de 2011
Talvez passes por aqui...
É incerto, mas, neste entrecruzar de ondas,
partículas, cordas, talvez encontres estas palavras
de felicitação pelo teu aniversário. É a madrinha.
Sim, é a madrinha, que, sem prenda nem telefonema,
quase fez um poema.
É incerto, mas, neste entrecruzar de ondas,
partículas, cordas, talvez encontres estas palavras
de felicitação pelo teu aniversário. É a madrinha.
Sim, é a madrinha, que, sem prenda nem telefonema,
quase fez um poema.
sábado, 9 de julho de 2011
Palavras...
Há palavras que vão fundo ao Coração...
Assim foi na troca de escrita entre mim e a I.;
de algum modo, num tão curto espaço de tempo,
embora nos conheçamos há mais de vinte anos,
a I. teve o dom de abrir a comunicação na linguagem
nobre dos afectos. E, de um modo surpreendente,
subitamente, aprendi. E, reconheço, hoje, que é tão
fácil este fluir, este brotar, este derivar...
Há palavras que vão fundo ao Coração...
Assim foi na troca de escrita entre mim e a I.;
de algum modo, num tão curto espaço de tempo,
embora nos conheçamos há mais de vinte anos,
a I. teve o dom de abrir a comunicação na linguagem
nobre dos afectos. E, de um modo surpreendente,
subitamente, aprendi. E, reconheço, hoje, que é tão
fácil este fluir, este brotar, este derivar...
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Os senhores da guerra
O sentido de uma guerra é fragilizar o
inimigo, criar-lhe medo, e, se possível,
em extremo, levá-lo à desistência total
ao incutir-lhe um sentimento de impotência absoluta.
Assim, se ganha uma guerra.
Hoje, sem espadas nem archeiros, vive-se
uma guerra. Portugal, Irlanda, Grécia
são neste momento três alvos visíveis.
Isso não me incomoda muito... o que me perturba
é não conhecer os rostos dos senhores da guerra.
Vi, vagamente, um deles num destes dias
na televisão, mas foi tão momentâneo, estava de passagem
pelo canal, que nem fixei quaisquer traços humanos.
E, assim, sem rostos, penso que estes novos senhores da guerra
se devem sentir alucinados, tontos, absurdamente
errantes, no dia-a-dia do quotidiano das suas vidas.
O sentido de uma guerra é fragilizar o
inimigo, criar-lhe medo, e, se possível,
em extremo, levá-lo à desistência total
ao incutir-lhe um sentimento de impotência absoluta.
Assim, se ganha uma guerra.
Hoje, sem espadas nem archeiros, vive-se
uma guerra. Portugal, Irlanda, Grécia
são neste momento três alvos visíveis.
Isso não me incomoda muito... o que me perturba
é não conhecer os rostos dos senhores da guerra.
Vi, vagamente, um deles num destes dias
na televisão, mas foi tão momentâneo, estava de passagem
pelo canal, que nem fixei quaisquer traços humanos.
E, assim, sem rostos, penso que estes novos senhores da guerra
se devem sentir alucinados, tontos, absurdamente
errantes, no dia-a-dia do quotidiano das suas vidas.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Morando no mar...
Ontem fui ver o mar. E a única coisa
que me ocorreu foi meditar sobre aquele
conto zen, que narra uma história em que,
num passeio, observando a Natureza, de entre três
amigos, um inadvertidamente disse «É belo!». Pois, estas
duas palavras apenas foram demais: perturbaram
a qualidade do absoluto que se suspendia em cada um,
relativizando, porque é essa a natureza das palavras.
Ontem, também, duas notícias de duas
mortes, uma de um jovem e outra de uma mulher. O que dizer?
Também nada. Apenas silêncio
face ao absoluto e ao mistério.
Ontem fui ver o mar. E a única coisa
que me ocorreu foi meditar sobre aquele
conto zen, que narra uma história em que,
num passeio, observando a Natureza, de entre três
amigos, um inadvertidamente disse «É belo!». Pois, estas
duas palavras apenas foram demais: perturbaram
a qualidade do absoluto que se suspendia em cada um,
relativizando, porque é essa a natureza das palavras.
Ontem, também, duas notícias de duas
mortes, uma de um jovem e outra de uma mulher. O que dizer?
Também nada. Apenas silêncio
face ao absoluto e ao mistério.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Partilhando...
não há limites para a criatividade
do Homem... a mais extraordinária beleza
pode eclodir à nossa frente como um
singular voo de pássaro.
não há limites para a criatividade
do Homem... a mais extraordinária beleza
pode eclodir à nossa frente como um
singular voo de pássaro.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Liberdade
Que movimento tão cheio de nada
Que fonte tão suave querida
Que nada mais firme que tudo
Assim é a Liberdade!
Mais que o prana da vida.
Que movimento tão cheio de nada
Que fonte tão suave querida
Que nada mais firme que tudo
Assim é a Liberdade!
Mais que o prana da vida.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Num Bairro Moderno
há grandes carrinhos de mão carregados,
a abarrotar, como prova da labuta daqueles
que ganham o pão de cada dia num esforço
épico. Talvez assim também seja com a Paz... que no Domingo
me pediu «e se me ajudasse?». E ambas levantámos
do chão todo aquele peso e subimos dois ou três lances
de escadas. Numa imensa, quase igual, semelhança a Cesário,
também eu me senti revigorada; não pela força do contacto
com a terra, mas pela força emergente presente na labuta diária
da Paz. E a Paz ri e brinca e é alegre e bem disposta!
Que extraordinária lição! Que tão único bairro moderno onde mora a Paz!
há grandes carrinhos de mão carregados,
a abarrotar, como prova da labuta daqueles
que ganham o pão de cada dia num esforço
épico. Talvez assim também seja com a Paz... que no Domingo
me pediu «e se me ajudasse?». E ambas levantámos
do chão todo aquele peso e subimos dois ou três lances
de escadas. Numa imensa, quase igual, semelhança a Cesário,
também eu me senti revigorada; não pela força do contacto
com a terra, mas pela força emergente presente na labuta diária
da Paz. E a Paz ri e brinca e é alegre e bem disposta!
Que extraordinária lição! Que tão único bairro moderno onde mora a Paz!
domingo, 3 de julho de 2011
O Grito
Estive em tempos no Facebook, fui quase a primeira
de entre as pessoas que conheço...saí.
O meu contributo mais efectivo, nessa altura, foi um vídeo
de demonstração de uma «máquina de dobrar camisetas», pois
era com espanto que observava. Mas, agora, voltei.
E voltei porque percebi que há gritos que ecoam
com tal força que podem até transfigurar
o absurdo. Voltei, dizendo que, sim, sim, ouvi o
grito. Ele era um simples vendedor de fruta...
era um vendedor de fruta que acreditava na vida.
Estive em tempos no Facebook, fui quase a primeira
de entre as pessoas que conheço...saí.
O meu contributo mais efectivo, nessa altura, foi um vídeo
de demonstração de uma «máquina de dobrar camisetas», pois
era com espanto que observava. Mas, agora, voltei.
E voltei porque percebi que há gritos que ecoam
com tal força que podem até transfigurar
o absurdo. Voltei, dizendo que, sim, sim, ouvi o
grito. Ele era um simples vendedor de fruta...
era um vendedor de fruta que acreditava na vida.
sábado, 2 de julho de 2011
Concha
Era um mar calmo de Abril,
à volta, na areia, húmida
e endurecida,
havia um espelho de água,
límpido como um cristal;
simplesmente, apenas, larguei a concha
da mão, sem mais nada, não,
para que assim estivesse
no universo a medida
da palavra deste verso.
Era um mar calmo de Abril,
à volta, na areia, húmida
e endurecida,
havia um espelho de água,
límpido como um cristal;
simplesmente, apenas, larguei a concha
da mão, sem mais nada, não,
para que assim estivesse
no universo a medida
da palavra deste verso.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Gateway
A porta da universalidade, que se traduz
na aplicação de um imposto para todos os rendimentos
(legitimamente os de quem condignamente possa ser tributado)
é mesmo para Todos? Não percebi. Longe vai o tempo em que sentada
à secretária folheava as dezenas de páginas de legislação do Diário
da República; e, assim passava uma tarde, divagando em torno de
articulados quase dignos de serem epitetados de literários.
Por isso, não deve valer a pena ler o decreto-lei, quando o houver.
Onde está presente, então, a porta da universalidade? Simples,
no Oceano Pacífico, na Ilha da Páscoa. Aí, universalmente presentes,
os verdadeiros Gigantes: enigmáticos e silenciosos
olham suspensos o jogo do mundo.
A porta da universalidade, que se traduz
na aplicação de um imposto para todos os rendimentos
(legitimamente os de quem condignamente possa ser tributado)
é mesmo para Todos? Não percebi. Longe vai o tempo em que sentada
à secretária folheava as dezenas de páginas de legislação do Diário
da República; e, assim passava uma tarde, divagando em torno de
articulados quase dignos de serem epitetados de literários.
Por isso, não deve valer a pena ler o decreto-lei, quando o houver.
Onde está presente, então, a porta da universalidade? Simples,
no Oceano Pacífico, na Ilha da Páscoa. Aí, universalmente presentes,
os verdadeiros Gigantes: enigmáticos e silenciosos
olham suspensos o jogo do mundo.
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