Ao acordar
a diagonal breve, mas lúcida, do sol
projecta-se na cabeceira da cama. Por isso,
gosto do despertar na noite para ver o dia
a nascer. Se soubesse, mediria o movimento
aparente do sol na parede do meu quarto e
do desenho faria um quadro inexistente,
que me despertaria, a cada manhã, com a alegria
clara da roupa brilhante e alvoraçada no estendal
da cozinha. Este é o silêncio que percorre, no amanhecer,
a casa, no Verão, como um fio de luz a escorrer
pelas paredes do prédio.
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