quinta-feira, 14 de julho de 2011

Bailando


Pediram-me que não andasse de saltos altos.

Que aborrecimento! Eu que sempre lavava, com uma esfregona,

e balde, o chão da casa, tenho agora que me mover no silêncio

das bailarinas em pontas. Irei comprar um tutú. E, então,

cada movimento na casa será um bailado em renda

clássico ou moderno consoante o ritmo

da música dos mantras indus

que energizam o espaço.

Sem público, contudo, não colherei os aplausos

merecidos da limpeza diária e do asseio lustroso

do chão. Mas não faz mal, o bailado de pés assentes

e firmes na placa do edifício dar-me-á um novo

sentimento de inteireza merecido e conquistado

no labor dos anos de exercício.

E, depois, justamente hoje, o meu filho, que só

regressará no sábado, deixa-me aberto um campo de

manobras para o ajuste da técnica do ballet.

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